Não tem como falar em inovação sem lidar com as empresas. Com essa constatação, Adriana Ferreira de Faria – professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV), diretora executiva do Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ) e presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) – inicia a conversa com gestores e servidores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
A conversa faz parte do Papo de Inovação – projeto que busca ouvir pesquisadores/inovadores acerca de sua história e sobre como a FAPEMIG ajudou ou atrapalhou sua caminhada profissional.
Adriana relembrou a época em que o tecnoPARQ foi criado, em 2011, quando a Lei de Inovação não existia. “Imaginem como foi falar com a Procuradoria da UFV que iríamos colocar empresas no parque tecnológico sem licitação? Tivemos que levar os profissionais da Procuradoria para conhecer os modelos já existentes no país. Se fôssemos esperar ter segurança jurídica naquela época, nada seria feito. Hoje temos 100 empresas vinculadas ao tecnoPARQ”, afirma.
A gestora também destacou a cultura inovadora desenvolvida pela UFV, que hoje apresenta a inovação como seu quarto pilar, ao lado de ensino, pesquisa e extensão. “Parques tecnológicos são lugares de desenvolvimento, todos são subvencionados com recursos públicos. Nós precisamos de muito investimento em infraestrutura. Criar empresas de base tecnológica é algo difícil, pois envolve risco iminente. Ter um parque tecnológico no interior é ainda mais desafiador, pois não contamos com o corpo industrial das grandes cidades”, lembra.
De acordo com Adriana, para fortalecer a cultura de inovação no país, é preciso sensibilizar alunos e professores para o empreendedorismo, não para ser empresário necessariamente, mas para criar ideias inovadoras. Para isso, é importante investir em eventos, programas de aceleração, incubação e em todas as etapas envolvidas no funil de inovação.
Outro ponto abordado pela pesquisadora foi a importância de as instituições de pesquisa e inovação efetivarem acordos de transferência de tecnologia. Quando órgãos de controle avaliaram a implementação do Marco Legal de Ciência e Tecnologia, viram que poucas instituições possuem acordos desse tipo. “Sem transferência de tecnologia, a inovação não acontece. As universidades e parques tecnológicos são fundamentais para preparar os ambientes de inovação”, reforça.
Oportunidades de melhoria
Adriana considera que iniciativas como Compete Minas, Tecnova e Centelha são muito importantes. Entretanto, há outras questões que a FAPEMIG poderia apoiar para fortalecer a inovação no Estado. Manter a regularidade dos editais que apoiam ambientes de inovação, avaliar formas alternativas de contratação de profissionais nos Parques Tecnológicos, rever algumas questões do Manual da FAPEMIG, voltar a financiar obras e melhorar continuamente o valor das bolsas são algumas delas.