Aproximar mulheres do universo de empreendedorismo e inovação. Este foi o
objetivo do Desafio de Empreendedorismo
do Legado Acadêmico (Dela/FAPEMIG), programa da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), encerrado na última sexta-feira
(30/08). A reunião, que marcou a última atividade entre bolsistas e mentoras do
projeto, apresentou um pouco do ecossistema de empreendedorismo e inovação de
Belo Horizonte às participantes. Segundo Caroline Valeriano, coordenadora
da unidade SIMI/FAPEMIG, responsável pela execução do projeto, a formação em
empreendedorismo foi o primeiro contato que a
maioria das bolsistas tiveram com o tema. “Quisemos mostrar como as coisas
acontecem, que é possível levar as pesquisas para a sociedade, por meio do
empreendedorismo e da inovação”, informa.
O encerramento começou pela manhã na Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde as bolsistas
puderam conhecer a biblioteca, o serpentário e a Divisão de Desenvolvimento de
Medicamentos da instituição. Além de visitarem o laboratório de pesquisa em
oncologia celular. À tarde, a visita foi no Laboratório Aberto - onde elas
conheceram o funcionamento de alguns maquinários industriais. As festividades
se encerraram em uma reunião com o presidente da FAPEMIG, Evaldo Vilela, onde
apresentaram seus projetos e pretensões para o futuro.
Na reunião, o presidente da Fundação lembrou que aquela não
era a primeira vez que a instituição trabalhava em prol do empreendedorismo acadêmico. Segundo Evaldo Vilela, em 2008 também houve a
tentativa de ensinar um pouco do tema às pessoas. “A ideia de projetos como
estes é fazer algo que possa impactar
a sociedade. Sabemos que os chineses
estudam muito as nossas necessidades para vender coisas para nós e geram
empregos lá. Então, por que não criamos essas soluções? Por que temos de
importar tudo?”.
Dona de uma startup em processo de investimento e entusiasta
do empreendedorismo feminino, Alana Santos Bens, conta que foi uma honra
participar como mentora do programa. Segundo ela, as mulheres representam uma
grande parte da comunidade
acadêmica, mas, estranhamente, isso
não se reflete na parte da divulgação
e comercialização das
tecnologias. “O projeto foi uma oportunidade dessas bolsistas explorarem o seu
potencial como pesquisadoras e como ‘mulheres de negócio’. Mulheres que vão ser
cruciais na mudança do nosso País”, ressalta.
Empreendendo a diversidade
O projeto Dela/FAPEMIG surgiu como uma forma de
promover a capacitação de mulheres em técnicas
e habilidades empreendedoras. Durante
sete semanas, 32 bolsistas de diversas cidades mineiras aprenderam sobre
oportunidades e desafios do empreendedorismo em ciência, tendências para a área
de pesquisa, comunicação e o mais importante, como tirar o projeto da academia
e empreendê-lo.
Doutoranda da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), na área
ambiental, Ludmila Silva trabalha com micróbios e bactérias no tratamento de esgoto. Seu objetivo é desenvolver um sistema que
tenha o menor consumo energético e que seja viável economicamente. Segundo a
estudante, atualmente seu trabalho é bem acadêmico, mas graças ao projeto teve
a oportunidade de ir além. “Durante as etapas tentei trazer meu projeto para o
empreendedorismo, para torná-lo um negócio, não apenas uma tese de doutorado. O que é
muito importante porque é um retorno para a sociedade do que o governo investiu
em nós”, conta.
Mas o caminho do empreendedorismo não é fácil e para as
participantes do programa não foi diferente. Para se ter uma ideia, a estudante
da Universidade de Federal de Minas Gerais (UFMG) Bárbara Figueira
chegou, inclusive, a pensar em desistir.
A socióloga, também formada em design de moda, estuda mulheres veganas e
teve a ideia de fazer uma marca de moda vegana. Porém, duas coisas quase a
fizeram desistir. “Primeiro, foi o medo. A carreira
acadêmica é algo seguro. Já tem
seus passos, não precisa ficar inventando. E a maior dificuldade, o pessoal.
Acontece que eu estava terminando o mestrado, além disso, eu tenho um menino
pequeno. Ele fica em casa e eu precisava dar conta do conjunto da obra”,
lembra. Figueira, no entanto, não desistiu e conseguiu chegar ao fim do
desafio. E já enfrenta outros. “Depois do Dela as coisas começaram a acontecer.
Fui caminhando com o projeto e comecei a receber convites para participar de
uma coisa e outra. Agora estou no Dela do Sebrae e fui convidada para
participar de uma rodada de
negócios de mulheres empreendedoras.
Acho que vai para a frente”, conta entusiasmada.
Além de Bárbara Figueira, outras participantes já pensam em como levar para o mercado suas ideias. Seja participando de concursos que necessitam apenas de uma ideia como o Falling Walls Lab e o Programa Centelha, ambos apoiados pela FAPEMIG, seja com parcerias internacionais como é o caso de Dalila Varela. Estudante da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), seu projeto busca ajudar o setor público a mapear bens públicos realmente representativos para a sociedade. A ideia, segundo a bolsista, surgiu após trabalhar na prefeitura e perceber que a sociedade não vê valor em alguns bens e por isso não os conserva. “Após o programa eu fiz contato, dentro da própria Universidade, com um CEO de uma empresa portuguesa que ficou interessado em desenvolver meu projeto e estamos conversando”, informa.
Foto: ACS FAPEMIG
O encerramento do DELA/FAPEMIG reuniu bolsistas de diversas cidades mineiras
Foto ACS FAPEMIG
O encerramento contou com uma visita a Funed
Foto: ACS FAPEMIG
As mulheres empreendedoras também conferiram os equipamentos do Laboratório Aberto
Foto: ACS FAPEMIG
O presidente da FAPEMIG, Evaldo Vilela, conheceu as participantes do projeto durante o encerramento