Startup ensina programação e alunos pagam após conseguirem emprego

Téo Scalioni - 10-06-2021
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Algumas profissões ligadas à tecnologia estão em alta em todo mercado mundial. Profissionais, principalmente na área de ciência da computação, analistas de dados, programadores e desenvolvedores em geral estão valorizados e com boas ofertas de empregos espalhadas também pelo Brasil. Para se ter uma ideia, estudos mostram que o déficit de profissionais de desenvolvimento deve aumentar em 70 mil por ano, nos próximos cinco anos. O levantamento mais recente da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação aponta que a procura por profissionais na área, somente no Brasil, será de 420 mil pessoas até 2024.

No entanto, muitas pessoas não têm condições de realizarem um curso de qualidade, buscando capacitação e consequentemente essas vagas. Pensando nisso, a Trybe, uma startup mineira, criou um modelo de negócio no qual possibilita que o aluno possa pagar o curso somente após conseguir uma remuneração mínima de, atualmente, R$3 mil por mês (valor atualizado anualmente pelo IPCA). Trata-se da modalidade Modelo de Sucesso Compartilhado, em que o estudante faz o curso e paga quando estiver empregado. 

O curso de desenvolvimento de software de alta qualidade, por exemplo, custa R$ 36 mil em aproximadamente 12 meses e 1.500 horas de conteúdo, com aulas online e ao vivo de segunda a sexta-feira, das 14h às 20h. Nas aulas, os estudantes desenvolvem projetos práticos (individuais e em grupo) e tem suporte para tirar dúvidas, além de reuniões de acompanhamento individuais. E para participar do curso, o aluno pode arcar com o custo do por meio do Modelo de Sucesso, ou a formação pode ser paga por mensalidade ou à vista.  

De acordo com Matheus Goyas, CEO e cofundador da Trybe, ele e seus sócios sempre trabalharam com educação, buscando gerar oportunidade de vida para as pessoas. Em 2019, identificaram o problema de empregabilidade que é global, mas especialmente drástico no Brasil e  ficaram motivados a ajudar a resolvê-lo. Assim surgiu a Trybe, que em pouco tempo percebeu que realmente esse modelo de negócios tinha uma demanda. “Em maio de 2021, a empresa registrava 1,4 mil estudantes de seu curso e pretende chegar a três mil até o final de 2021”, orgulha-se Matheus; 

Conforme explica o CEO da Trybe trata-se de um curso livre de educação profissional. Como isso, tem liberdade para definir e atualizar seu currículo e grade, permitindo a melhoria contínua e conexão com o mercado de trabalho. “A formação é desenhada ouvindo as sugestões de mais 70 organizações parceiras, uma lista que inclui nomes como Ambev, Arco Educação, Itaú, Localiza, Méliuz, Rock Content e Sambatech”, explica.

Matheus conta que  atualmente, a Trybe oferece um curso de desenvolvimento de software. O currículo é dividido nos módulos: Fundamentos do Desenvolvimento Web, Desenvolvimento Front-end, Desenvolvimento Back-end, Ciência da Computação, Soft Skills e Metodologias Ágeis, além de preparação para processos seletivos e conexões com oportunidades de trabalho. “Além de habilidades técnicas de programação, também aprofundamos o desenvolvimento de soft skills (habilidades socioemocionais), preparação para processos seletivos e fazemos conexões com oportunidades de trabalho”, garante Matheus . 

Crescimento contínuo ?

Em fevereiro de 2020, a Trybe recebeu R$ 42 milhões em rodada de investimentos liderada por Atlantico, com a participação de Canary, e.Bricks, Global Founders Capital, Maya Capital e Norte Ventures. Hoje a empresa possui mais de 200 funcionários e uma rede de mais de 70 empresas parceiras. Até maio deste ano, 96% dos profissionais formados pela edtech estavam trabalhando em até três meses após a conclusão do curso. Mais de 100 mil pessoas já se inscreveram para estudar na Trybe.