Foto: FAPEMIG
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) promoveu, nesta terça-feira (23), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Workshop Desafio do Empreendedorismo do Legado Acadêmico (DELA). O evento foi dedicado às mulheres bolsistas do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PAPG) da FAPEMIG e buscou mostrar que é possível ser cientista e empreendedora.
Cláudia Couto, chefe de gabinete da FAPEMIG, deu as boas-vindas às participantes falando sobre a importância do assunto. Cláudia lembrou que ainda vivemos em uma sociedade muito desigual. Para se ter uma ideia, Yale Soares, líder do projeto DELA, informou que a probabilidade de mulheres obterem diploma de bacharel nas áreas relacionadas à ciência é 18%.
Esse número é ainda menor quando se fala em doutorado e mestrado, sendo 8% e 2%, respectivamente. “Ao caminharmos para dados sobre empreendedorismo tecnológico, menos de um terço das startups do mundo são fundadas por mulheres”, pontuou Yale.
De acordo com Cláudia Mayorga, pró-reitora de extensão da UFMG, isso ocorre porque a imagem do empreendedorismo e inovação ainda é muito ligada ao masculino. “Eu vejo um grande potencial nesse projeto de romper com esses estereótipos que contribuem para nos fixar em lugares muito específicos na sociedade”, destacou.
Durante o evento, as participantes puderam conhecer três perfis bem diferentes de mulheres empreendedoras. Marcela Drummond é uma bióloga que se assume como uma empreendedora atuando em negociações e nas partes administrativas de sua empresa. Luciana Silva, também bióloga, busca estar mais na área da pesquisa em seus negócios. Por fim, Adla Teixeira, professora da UFMG, é uma pesquisadora que, mesmo sem se reconhecer como uma empreendedora, empreende dentro da Universidade.
Para Adla,todas as pessoas têm suas especificidades. Segundo ela, “é muito fácil falar sobre as mulheres alfas, mas e as betas e e as ômegas?”, indagou.
Nesse sentindo, Luciana destacou que nem todos os cientistas precisam ter um perfil empreendedor. “Eu não tenho o perfil de negócios, mas gosto da parte de desenvolvimento. Então cada um ocupa seu nicho dentro dessa área de empreendimento. O mais importante é se unir com pessoas que têm comprometimento e façam”, destacou.
A importância da construção de redes também foi levantada durante o evento. Marcela Drummond lembrou que é fruto de todo um ecossistema de fomento à ciência e tecnologia. “Um dos nossos investidores é a Fundepar, que nasceu na Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Temos uma ligação ainda com a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), quando no início fomos pré-incubados pela INOVA. E a FAPEMIG sempre apoiou a gente. Se não fosse essas instituições não estaríamos aqui, retornando esse investimento à sociedade”, contou.
O assunto também foi um dos temas na palestra Cilene Salmaso. Voltada mais para as redes pessoais, a palestrante, além de promover dinâmicas entre as participantes, abordou a importância de desenvolver o seu networking. “É preciso conectar com outras redes, para conhecer e ter acesso a coisas que não estão no nosso meio”, destacou.
O workshop é uma das atividades da edição-piloto do programa que estão sendo desenvolvidas. Além de Belo Horizonte, o evento já foi realizado em Juiz de Fora, Lavras e Viçosa. Haverá atividades ainda em Uberlândia (25/04) e em Montes Claros (30/04).
Paralelamente aos workshops, o programa está com um edital aberto. A Chamada, que pode ser conferida aqui, irá selecionar até 60 projetos (dez de cada cidade participante), formados pelas bolsistas. O objetivo é preparar essas mulheres para interagir com diferentes cenários, seja levando suas pesquisas para o mercado ou liderando ações empreendedoras dentro das universidades.
Saiba mais sobre o edital e as regras para participar aqui.