Com o intuito de fornecer informações confiáveis e, sobretudo, compreensíveis para o público sobre a pandemia, pesquisadores da UFMG criaram a Força-tarefa Amerek de combate ao coronavírus, iniciativa de divulgação científica que já conta com a colaboração de pesquisadores, jornalistas e comunicólogos de várias instituições do Brasil, assim como de outros países, como a Itália. A FAPEMIG é parceira na iniciativa.
“A ideia da força-tarefa é ser um
porto seguro de informações qualificadas, certificadas e, sobretudo, claras, capazes de resultar em consequências práticas na vida das pessoas: pretendemos oferecer informações concretas e aplicáveis à realidade de cada um”, explica o físico e sociólogo Yurij Castelfranchi, um dos coordenadores da iniciativa.
“O nosso objetivo não é apenas oferecer informação de qualidade e esclarecer, mas efetivamente contribuir com a mobilização social. A força-tarefa deve ser um espaço de trocas de experiências e de ideias, em que as pessoas possam pensar sobre o que podemos fazer juntos em termos de solidariedade social e de ajuda mútua”, completa Castelfranchi, que é professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).
Castelfranchi compartilha a coordenação do trabalho com o biólogo Roberto Mitsuo Takata, professor visitante na UFMG que atua na Formação Transversal em Divulgação Científica, que é vinculada à Diretoria de Divulgação Científica (DDC) da Universidade. O coletivo também conta com um comitê técnico-científico de especialistas de áreas diversas da UFMG e de outras instituições, que vêm atuando na atual crise sanitária e epidemiológica mundial. A ideia é que os profissionais desse comitê técnico-científico colaborem sobretudo no processo de certificação da qualidade das informações produzidas e adaptadas pela força-tarefa.
Também integram o coletivo, em regime de voluntariado, os alunos e vários dos docentes do
curso de especialização em Comunicação Publica da Ciência da UFMG, que é oferecido pelo Departamento de Sociologia, em parceria com a DDC, tendo como codinome a mesma palavra que nomeia a força-tarefa, Amerek. Criado no fim do ano passado, o curso – que conta com o apoio do
Instituto Serrapilheira – teria as aulas da sua primeira turma iniciadas justamente no último mês de março, quando seus organizadores foram surpreendidos com a atual crise sanitária mundial.
A ideia da força-tarefa surgiu aí, quando professores e alunos descobriram que, em razão da pandemia, não teriam como dar andamento ao curso neste semestre, e então decidiram canalizar o entusiasmo inicial com divulgação científica para uma iniciativa que pudesse fazer frente à avalanche de desinformação que tem assolado o mundo neste momento.
“No grupo do curso, temos desde jovens cientistas, recém-formados em suas áreas, até jovens professores associados e titulares de várias universidades, que decidiram voltar à sala de aula para aprender a divulgar. Do mesmo modo, contamos com jovens jornalistas recém-formados a comunicadores já profissionais de várias mídias, além dos responsáveis pela comunicação de várias importantes instituições científicas, como a Fiocruz, a Fapemig e a própria UFMG. É um grupo sensacional, com alunos vindos de diferentes instituições e lugares do Brasil, com competências incrivelmente transdisciplinares”, explica Castelfranchi.
Ele acrescenta: “Nessa força-tarefa, várias pessoas, da academia e do mercado, de diferentes formações e expertises, vão dedicar, voluntariamente, parte do seu tempo de trabalho para mapear, filtrar e checar a informação relevante produzida em várias fontes confiáveis de informação para decidir o que reproduzir, o que adaptar, e a partir disso, construir novos conteúdos.”
Grupos de trabalhoA força-tarefa divide-se em grupos de trabalho. Um grupo trabalha mapeando, filtrando e selecionando informações de qualidade certificada e com linguagem adaptada para o grande público que já estejam circulando, para que elas possam ser reproduzidas nas redes sociais.
Outro grupo produz e adapta conteúdos. “O que detectamos é que até há bons divulgadores da ciência atuando on-line, mas seu público é principalmente de escolaridade média ou alta e situado em cidades de médio ou grande porte. Nesse sentido, o que pretendemos com esse segunda frente é produzir conteúdos específicos para grupos sociais que não vêm sendo alcançados de maneira adequada por esses divulgadores, como os indígenas, comunidades das áreas rurais e moradores das periferias e favelas”, exemplifica Castelfranchi.
Com foco na mobilização social, um terceiro grupo está trabalhando na construção de um repositório de ações e experiências coletivas e positivas de enfrentamento do coronavírus que já foram realizadas com sucesso no Brasil e no mundo. Há também uma equipe atuando na adaptação e reconstrução dos infográficos usados para destacar, por exemplo, a importância de se “achatar a curva” da quantidade simultânea de infectados no país, para não sobrecarregar os sistemas de saúde. “Percebemos que esses gráficos são incompreensíveis para uma boa parte da população, até mesmo para algumas pessoas com escolaridade alta”, explica Castelfranchi.
Os conteúdos da força-tarefa Amerek de combate ao coronavírus podem ser acompanhados nas redes sociais do projeto:
YouTube,
Facebook,
Twitter e
Instagram.
Confira, abaixo, vídeo no qual o Castelfranchi explica a Força-tarefa Amerek: