Conheça podcasts mineiros que desdobram os fatos do período retratado no filme

Foto tirada durante exposição da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República realizada em 2011 sobre o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva. Créditos: Renato Araújo/ABr

O Brasil acordou nesta segunda-feira (6) celebrando a vitória de Fernanda Torres na categoria de melhor atriz em filme de drama do Globo de Ouro. Ela concorreu pelo papel no filme “Ainda estou aqui”, produção baseada no livro de mesmo nome, de Marcelo Rubens Paiva. O filme narra a trajetória da mãe do autor, Eunice Paiva (representada por Fernanda Torres), que precisou lutar por anos por justiça após o marido, o ex-deputado Rubens Paiva (representado por Selton Mello), ser preso por agentes da Ditadura Militar em 1971 e desaparecer.

A obra se tornou um dos maiores sucessos do cinema brasileiro e trouxe de volta à tona a temática que vem sendo debatida em diversos meios de comunicação. O momento marcante também é retratado em projetos de divulgação científica conduzidos por pesquisadores de diferentes universidades. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) escolheu alguns podcasts produzidos por universidades mineiras e que nos ajudam a relembrar e refletir sobre o período retratado no filme, ainda em cartaz, nos cinemas de todo país. 

Confira as dicas!

Rádio UFMG Educativa – “Rotas da Ditadura: 60 anos do golpe” e “Retratos Sonoros”

A Rádio UFMG Educativa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lançou em 2024 o podcast “Rotas da Ditadura: 60 anos do golpe” que relata os 21 anos de Ditadura Militar. A obra contém seis reportagens com comentários de especialistas e personagens reais dimensionando o impacto social e político da Ditadura. 

A emissora também disponibilizou, em dezembro do último ano, uma nova série que conta a história de membros da comunidade estudantil brasileira que tiveram a vida interrompida por causa do regime militar. O podcast “Retratos sonoros: trajetórias interrompidas pela ditadura”, com seis episódios, ainda relembra os 10 anos da entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade que apurou os crimes contra os direitos humanos cometidos durante o regime. 

Os podcasts podem ser encontrados na página da rádio no SoundCloud ou no Spotify. 

Podcast “60 anos do golpe”

Com ênfase maior nos desdobramentos temáticos durante as décadas depois do início da Ditadura Militar no Brasil, a série “60 anos do golpe” foi elaborada pelos historiadores Tatyana de Amaral Maia e Leonardo Fetter da Silva, do Programa da Pós-graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em debate com outros especialistas de todo o Brasil. 

Temas como meio ambiente, movimentos negros e LGBT+, indígenas e comunidades foram apresentados e discutidos dentro do âmbito dos 21 anos de regime militar. As áreas em questão mobilizaram estudos recentes em todo o Brasil e continuam gerando curiosidade e pesquisa dos historiadores.

O podcast “60 anos do golpe” pode ser encontrado no Spotify.

Podcast “Espia e Espaia” – “Memória, justiça e verdade: os legados da ditadura”

O podcast de divulgação científica “Espia e Espaia”, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), fez um episódio especial sobre como espaços de tortura da Ditadura Militar estão sendo ressignificados para preservar a memória e promover a justiça. O tema foi objeto da dissertação de mestrado de Vitória Ivo, entrevistada do programa, que pesquisou sobre como a retratação desses espaços na mídia interferem no Brasil contemporâneo.

O “Espia e Espaia” é produto do projeto "Literatura e História em rede: divulgação científica na região dos Inconfidentes" aprovado na Chamada FAPEMIG 005/2022 - Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia - Apoio a Ações de Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Inovação.

O episódio pode ser encontrado na página do podcast no Spotify.

Podcast “HH Magazine: Humanidades em rede” – “História da Historiografia #EP 42: Meninos sem Pátria: ditadura, literatura e os trabalhos da memória”

Esse episódio traz uma análise crítica sobre ideologias extremas, no caso, como elas interferem em âmbitos da sociedade. O historiador Anderson da Silva Almeida, entrevistado do programa, analisa criticamente uma polêmica de 2018, em que pais de alunos de um tradicional colégio do Rio de Janeiro manifestaram-se contra o incentivo à leitura da obra infantil, “Meninos sem Pátria”, do autor mineiro Luiz Puntel. Almeida realizou uma pesquisa em que buscava analisar o conteúdo da obra, que retratava a vivência das pessoas após a Lei da Anistia de 1979, e sua relação com as memórias e a história, bem como questionar a fundamentação das acusações contra o livro.

O trabalho faz parte do podcast “HH Magazine: Humanidades em rede”, iniciativa da revista “História da Historiografia” junto com a Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH) e o Programa de Extensão da Universidade Federal de Ouro Preto. 

A análise completa de Anderson da Silva Almeida pode ser encontrada em artigo publicado “História da Historiografia” e como episódio do podcast no Deezer.