Estimular a utilização de novas tecnologias no ensino da matemática

Tatiana Nepomuceno - 02-05-2019
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O projeto GeoGebra no ensino da Matemática, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), visou contribuir com a melhoria do ensino por meio do desenvolvimento de novas metodologias educacionais a serem aplicadas tanto no ensino básico, como no ensino médio e superior. A iniciativa conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e, de acordo com a coordenadora do projeto, Tânia M. Machado de Carvalho, possui como nuance motivacional o fato da busca por uma forma mais atrativa e dinâmica de envolver os alunos no estudo desta matéria. “Na matemática, o grande desafio do professor é fazer seus alunos gostarem da disciplina, sendo necessário introduzir no ensino elementar os recursos didáticos mais variados e que não se limitem ao livro texto, quadro e giz”, pontua.

O projeto desmembrou-se em cinco diferentes frentes: a primeira atuando nas séries iniciais do ensino básico e analisando as propostas didáticas do ensino de geometria, em uma determinada coleção de livros didáticos de matemática, para propor possibilidades de ampliação metodológica com a utilização do software GeoGebra.  A segunda frente atuou nas séries finais do ensino básico, visando criar uma proposta para o ensino de frações com o uso de duas ferramentas não convencionais: o origami e o aplicativo. Uma terceira atuou no ensino médio, abordando algébrica e geometricamente os temas funções e geometria plana. A quarta atuou no ensino superior, atacando o problema das baixas taxas de desempenho na disciplina Cálculo diferencial. E por fim, a última frente, atuou no resgate de demonstrações clássicas de problemas formulados por Newton, numa versão totalmente geométrica, com o auxílio do software.

Os resultados, de acordo com Carvalho, foram promissores e promoveram uma série de possibilidades de divulgação e utilização do software GeoGebra, enquanto recurso metodológico para o ensino de conceitos e de procedimentos em matemática, além de fomentar a proximidade da comunidade local com o tema.  “A pesquisa permitiu um diálogo entre a UFU e a comunidade local com a realização de oficinas, minicursos e prestação de assistência e acompanhamento às escolas parceiras. As atividades propostas serviram de laboratório para a avaliação dos resultados obtidos, norteando a elaboração de material didático-pedagógico permanente e, de alguma forma, contribuindo para aprimorar o ensino público da região, por meio da participação no processo de formação continuada de professores da rede pública e na formação inicial de alunos do curso de licenciatura em matemática.”, complementa.

Ainda, de acordo com Carvalho, as atividades realizadas proporcionaram aos professores a oportunidade de treinamentos para aproveitar os recursos tecnológicos em prol do ensino e de trabalhar com metodologias diferenciadas. “Além de contribuir para a formação de atitudes positivas frente à aprendizagem, causando impacto na formação continuada de um grupo de professores (e futuros professores) das escolas públicas da região.”, conta.

Mas afinal, com tantas possibilidades tecnológicas, o que falta?

De acordo com a pesquisadora, as novas metodologias são muito bem-vindas e necessárias, porém deve-se ter sempre em mente a seguinte questão: estamos aplicando novas metodologias ou apenas reproduzindo velhos procedimentos com a utilização de novas ferramentas? “Jogos e aplicativos são extremamente úteis desde que os professores que os utilizem sejam devidamente capacitados para tal.”, explica.

Carvalho ressalta que, atualmente, os aplicativos de geometria dinâmica estão disponíveis em celulares e fazem parte da realidade de boa parte de alunos do ensino médio e dos cursos superiores da área de exatas, porém, de acordo com a pesquisadora, são subutilizados, servindo apenas como ferramentas de visualização, quando têm potencial para serem utilizados como ferramentas de investigação e aprendizado. “Percebemos que existe um consenso de que tecnologias digitais influenciam no cenário da educação, porém, a sua aplicação no momento das aulas não corresponde ao esperado, principalmente pela falta de capacitação dos professores no que tange à aplicabilidade das ferramentas disponíveis”, finaliza.