Unidade Embrapii FEMEC UFU é destaque em P&D

Júlia Rodrigues - 11-04-2025
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Credenciada em 2016, a Unidade forma profissionais de ponta para desenvolver projetos de impacto nacional

“O que muda o país a longo prazo é a capacidade de inovação", apontou o presidente da FAPEMIG, Carlos Arruda, durante sua visita à Unidade Embrapii da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (FEMEC-UFU), habilitada para o desenvolvimento de Tecnologias Metal-Mecânicas.

Essa é a capacidade que a terceira unidade a ser credenciada no Estado, formada por dois laboratórios, que somam, conjuntamente, cerca de 170 pesquisadores: o Laboratório de Tecnologia em Atrito e Desgaste (LTAD) e o Centro para Pesquisa e Desenvolvimento de Processos de Soldagem (Laprosolda) – está demonstrando. Ambos os laboratórios são focados no desenvolvimento de inovação aberta, ou seja, envolvendo a parceria entre instituições públicas e privadas.

Lucas Alves do Nascimento, engenheiro e líder de projetos de pesquisa no Laprosolda/UFU, conta que o laboratório contabiliza 29 pedidos de inovação distribuídos entre patentes, registros de software e desenhos industriais. Desde 2016, foram 42 projetos, que movimentaram R$ 75 milhões. Uma média de R$ 1,8 milhão por projeto. Para 2025, estão previstos mais 10 projetos, que somarão um ticket médio de R$ 3 milhões.

Atualmente, são desenvolvidos 19 projetos, sendo 11 Embrapii, seis no âmbito do programa Rota 2030, um com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e outro com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “No total, são 12 empresas diferentes, demonstrando um alto nível de recompra de contratação pelas empresas demandantes”, explica Lucas.

Desenvolvimento de profissionais
O Laprosolda/UFU também se destaca pela formação de recursos humanos. Nesse cenário, a participação da FAPEMIG e Embrapii são essenciais, fornecendo recursos que viabilizam angariar alunos de mestrado, doutorado e de iniciação científica em áreas promissoras.

“Formamos muitos alunos de iniciação científica que vão para o mercado, principalmente, em ciência de dados e inteligência artificial, áreas que carecem de profissionais. Além disso, formamos profissionais em fabricação, simulação numérica e impressão 3D de metais, área nova no país, na qual o Laprosolda é líder”, afirma Lucas – que atua na área de desenvolvimento de software e inteligência artificial e foi bolsista FAPEMIG durante sua iniciação científica, em 2007. “Minha paixão pela pesquisa começou como bolsista da FAPEMIG”, compartilha.

Assim como Lucas, outros pesquisadores encontram na Embrapii/UFU oportunidade para desenvolver suas carreiras. Esse é o caso do Diandro Bailoni Fernandes, engenheiro mecânico e engenheiro internacional de soldagem, no laboratório desde 2006. Profissional atuante no setor de óleo, gás e combustíveis, na reposição de componentes e na criação de soluções a partir da tecnologia de impressão metálica.

No âmbito do grupo Laprosolda/UFU, Diandro atuou como engenheiro-pesquisador e é hoje pesquisador-líder no projeto Digital Manufacturing via Wire-Arc Additive Manufacturing for Components in the Oil and Gas Industry, em parceria com a Petrobras.

Para ele, sem o apoio de órgãos de fomento, especialmente da FAPEMIG, no contexto estadual, seria impossível a contratação de alunos de iniciação científica, de pós-graduação, mestrado, doutorado e, até mesmo, pós-doutorado, juntamente com o financiamento realizado por meio das empresas. "Não tem como não notar o quão isso é importante no desenvolvimento da pesquisa feita no Brasil nos dias de hoje", comenta.


Equipe de pesquisadores e bolsistas, no Laprosolda. Agaixado, Lucas Nascimento e, em pé, da direita para a esquerda, Diandro Fernandes. Barbara Teixeira/FAPEMIG 

Responsabilidade Ambiental

Na área de desenvolvimento de software, o Laprosolda/UFU desenvolveu um sistema de previsão de parâmetros de soldagem que contribui para a redução da emissão de poluentes envolvidos durante o processo de soldagem, contribuindo para a diminuição de créditos de carbono. “O software entrega para o operador o parâmetro correto. Se o operador acerta mais rápido o parâmetro, menos carbono é emitido no ambiente”, explica Lucas.

Parcerias com empresas

Já o LTAD/UFU desenvolve pesquisas na área da tribologia – a área da física que estuda o fenômeno do atrito. Investiga-se também os efeitos da corrosão nos materiais e a fragilização por hidrogênio – processo que deteriora a resistência e a elasticidade de um material metálico, levando à formação de trincas e rupturas.

O engenheiro mecânico Gustavo Vilela Oliveira conta que o LTAD/UFU desenvolve 40 projetos de P&D em parceria com empresas como: Aperam South América, Greenbrier Maxion, Petrobras, Usiminas, LATAM e Embraer. O laboratório desenvolve ensaios e equipamentos utilizados para testar amostras enviadas por empresas que buscam investigar e prevenir casos de avaria dos seus materiais – ambas no âmbito de linhas de pesquisa que contaram com importante contribuição de bolsistas FAPEMIG.

Gustavo Oliveira, no LTAD. Créditos: Barbara Teixeira/FAPEMIG

“Às vezes a empresa chega ao laboratório e nos pede algo muito específico, que não existe uma máquina no mercado que consiga fazer um experimento que traduza o problema em campo. Então, nós construímos esse equipamento e desenvolvemos um ensaio desde o zero”, explica Gustavo.

Auxiliar empresas na busca por soluções tem sido a motivação de projetos de impacto nacional. Ao longo de 10 anos, a Tecsul – empresa especializada em máquinas para envase de fármacos, sediada em Canela, no Rio Grande do Sul – procurou soluções equivalentes que substituíssem uma tecnologia importada.

Arthur Alves Fiocchi, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), explica que a bomba utilizada para envasar os fármacos é formada de uma camisa e um pistão que se movimentam, repetidamente, até 2 mil vezes por dia – similar a um motor de automóvel. O movimento gera um desgaste no material que pode contaminar o fármaco que está sendo envasado.

Arthur Fiocchi Crédito: Júlia Rodrigues/FAPEMIG

“O que fizemos foi criar tecnologia para gerar essas duas peças internamente. Isso envolve materiais e técnica de fabricação, de uma forma que não vaze produto e não gere desgaste levando à liberação de partículas que poderiam ir para o fármaco”, conta. Trata-se de uma tecnologia presente em vários países europeus, mas que o Brasil não detinha tecnologia suficiente para chegar nesse nível de acabamento.

“Hoje a gente conhece toda a rota de fabricação dessa tecnologia e a empresa pode trabalhar para produzir esse produto 100% nacional e entregar, no mesmo nível, da melhor bomba de referência do mundo”, equipara Arthur. A tecnologia entregue no início deste ano foi desenvolvida ao longo de três anos e meio em parceria com a Unidade Embrapii FEMEC UFU e encontra-se em fabricação.

Oportunidade de fomento

A FAPEMIG lançou a chamada 003/2025 - Fortalecimento das unidades Embrapii, resultado do acordo de cooperação firmado com a Embrapii e divulgado em agosto de 2024. Leia mais clicando aqui.

A chamada visa fomentar ações estratégicas de prospecção, comunicação e aprimoramento da eficiência operacional destinada a unidades Embrapii localizadas em Minas Gerais. No total, somam R$ 20 milhões em recursos aos projetos aprovados.

As propostas aprovadas poderão solicitar até R$ 1,45 milhão em apoio a iniciativas que visam impulsionar a colaboração entre a indústria brasileira, institutos de pesquisa e universidades do estado, contribuindo para o avanço da inovação no ambiente empresarial em âmbito nacional. A chamada recebe propostas até o dia 14 de abril de 2025 via sistema Everest.

 Confira os critérios de elegibilidade no Guia Rápido - Chamada 003/2025 - Fortalecimento das unidades Embrapii