Pesquisa atesta a remoção de microcontaminantes do esgoto

Tatiana Nepomuceno - 08-08-2019
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Todos os dias, apesar de existirem estações de tratamento de esgoto instaladas em várias cidades, milhões de substâncias provenientes de produtos de limpeza, higiene pessoal, produção têxtil ou do próprio corpo humano (conhecidas como microcontaminantes) são lançadas nos cursos d’água, poluindo os rios e podendo ocasionar doenças ou danos à saúde. Como alternativa para romper este ciclo, a Universidade Federal de Lavras (Ufla) instalou uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que tem como objetivo a remoção destes microcontaminentes no ambiente. Isso posto, e para validar este processo, pesquisadores apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) realizaram testes para avaliar a viabilidade desta estação na remoção de tais impurezas.

A pesquisadora responsável pelo estudo, Fátima Resende Luiz Fia, da Ufla, contou que o foco inicial do trabalho consistia na identificação de desreguladores endócrinos em águas superficiais do município de Lavras e o desenvolvimento de adsorvedores (mecanismos de retirada de poluentes) para a remoção nas águas de abastecimento. Contudo, durante o curso do projeto, Fia vislumbrou outras possibilidades para a pesquisa. “Como a Ufla possuía uma ETE que lançava o efluente tratado em um dos cursos de água de Lavras/MG, achamos interessante avaliar também a presença de microcontaminantes no esgoto bruto e tratado por esta”, afirma. 

Durante nove meses, os pesquisadores monitoraram essa ETE, composta por um sistema de tratamento biológico combinado com reatores anaeróbicos e aeróbicos, seguido de cloração e desinfecção ultravioleta, para potencializar a capacidade da estação em remover também os microcontaminantes, evitar a contaminação do ribeirão e consequentemente dos rios.

O resultado foi que a ETE da Ufla removeu completamente microcontaminantes como o paracetamol, a genfibrozila, e os hormônios estrona e estradiol. De acordo com a pesquisadora, os anti-inflamatórios ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco apresentaram taxas de remoção superiores a 93%. Já para o Bisfenol A e um alquilfenol (substâncias potencialmente cancerígenas), as taxas de remoção variaram de 59 a 94%. “Além de satisfatória, a pesquisa constatou a viabilidade do processo, o que possibilita que outras instituições e cidades possam utilizar a ETE/Ufla como modelo para alcançar níveis de remoção de compostos tanto tradicionais como de microcontaminantes.”, explica. “Uma alternativa para que, no futuro, nossos rios contaminados com estes poluentes fiquem livres de qualquer agente químico”, finaliza.