Pesquisa usa coquinhos para fazer óleo

Tuany Alves - 21-11-2019
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Os frutos do jerivá e da macaúba fizeram, e fazem, parte da vida de muitas crianças. Os famosos coquinhos, são um prato cheio para as brincadeiras juvenis. No entanto, esse não é o único uso que desses frutos. 

Pesquisadores do Departamento de Ciência dos Alimentos (DCA) da Universidade Federal de Lavras (Ufla), apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), descobriram que o óleo dos coquinhos pode ser uma boa opção para a produção de comidas, como recheio de biscoito e maionese.

Segundo o coordenador do estudo, Cleiton Antônio Nunes, os cocos dessas espécies são ricos em óleo. Isso despertou a curiosidade dos pesquisadores que passaram a querer saber se ele poderia ser utilizado na alimentação das pessoas. “O óleo da macaúba já é utilizado por empresas, inclusive mineiras, na produção de combustíveis, mas queríamos saber mais. Como poderíamos usar esses óleos em alimentos”, conta o coordenador.

Óleo saudável 

Cleiton Nunes informa que os óleos extraídos desses coquinhos são mais saudáveis do que as gorduras hidrogenadas, famosas gorduras trans, usadas para produzir alimentos.

Essa gordura vegetal é achada naturalmente em algumas carnes e leite, mas em baixa quantidade. O problema são as industrializadas presentes em biscoitos, margarinas, salgadinhos etc.

Acontece que como elas ajudam a melhorar a textura e aumentar o prazo de validade dos produtos, as empresas usam uma quantidade muito grande, o que pode causar problemas para o corpo, como aumento do colesterol ruim e doenças no coração. “Então é muito importante buscar fontes de óleos e gorduras que venham substituir esse ingrediente”, ressalta Cleiton Nunes.

A iniciativa vai ao encontro das medidas de incentivo as escolhas mais saudáveis em relação aos alimentos e bebidas industrializadas por parte dos consumidores defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a entidade, ao menos 5 bilhões de pessoas em todo o mundo convivem com os riscos de desenvolver doenças associadas ao uso das gorduras trans industrial. 

Para além do óleo 

Durante a pesquisa, a equipe notou que, após extrair o óleo, sobram muitas partes do coquinho. Principalmente a polpa e a torta (amêndoa após extração). Cleiton Nunes conta que os pesquisadores decidiram, então, estudar como poderiam usar também esses subprodutos na alimentação. 

A ideia deu vida a outra pesquisa, também apoiada pela FAPEMIG, que está sendo desenvolvida. Segundo o coordenador, uma possibilidade já encontrada pelos pesquisadores é usar esse material para fazer farinha, alimento que, além de ser natural, pode ajudar o corpo humano, uma vez que possui muita fibra e um possível potencial prebiótico. 

Nunes destaca, entretanto, que esses são apenas os primeiros resultados sobre a farinha. A ideia, segundo o professor, é avaliar a aplicação, tanto dos subprodutos dos coquinhos quanto dos óleos, direta nos alimentos. “Queremos ver como os alimentos ficam, para saber se serão gostosos para o consumidor”, conta.