Melhores amigos, mesmo!

Tatiana Nepomuceno - 30-01-2018
5456

Animais assumem novos papéis e ajudam crianças, idosos e enfermos em diversos processos de recuperação clínica. Para quem ainda não ouviu falar desta técnica para lá de carinhosa, trata-se da Terapia Assistida por Animais (TAA). Muito difundida e estudada no exterior, a modalidade tem, por propósito, a introdução de animais junto a indivíduos – ou a grupos –, com finalidades terapêuticas e ajudam pessoas com câncer, síndrome de Down, autismo, Alzheimer, deficiência intelectual e saúde mental, dentre outros.

No Estado, esta prática já vem sendo difundida. A Universidade Federal de Lavras (Ufla), sob a coordenação do pesquisador Carlos Artur Lopes, por exemplo, concentrou esforços na avaliação da utilização da TAA em crianças autistas. De acordo com Lopes, os métodos de terapia, normalmente, estão associados a práticas de Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA), que visam estabelecer, complementar ou substituir a linguagem oral comprometida, ou ausente, no indivíduo. “Com crianças e adolescentes autistas, portanto, a TAA deveria ser prática incentivada. O animal revela-se um verdadeiro catalisador da reação autista-sociedade. É sabida a evolução dos pacientes quando se envolvem com cães terapeutas. O mesmo ocorre com pessoas com Síndrome de Down”, esclarece.

Já em Uberaba, sob a orientação da professora Ana Paula Espindula, pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), com o apoio da FAPEMIG, utilizou cavalos para avaliar a frequência cardíaca, pressão arterial, oxigenação sanguínea e ativação muscular em idosos, e os resultados foram promissores. Outro exemplo, diz respeito a estudos conduzidos em Uberlândia, pelo pesquisador Paulo Roberto Oliveira. A pesquisa envolveu a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e duas instituições de longa permanência para idosos para avaliar a relação entre a utilização da TAA e qualidade de vida dos internos. Para realização do estudo, foram realizadas oito sessões, em 60 dias, com visitas semanais de 60 minutos.

A idade dos pacientes variou entre 64 e 107 anos. No total, 24 internos participaram da inciativa. Neles, observou-se aumento no que tange à motivação e ao interesse pelos animais. Na primeira sessão, 58% dos indivíduos mostraram-se indiferentes à presença dos bichos. Na última, 81% revelaram-se motivados e dispostos a interagir entre si, com os animais e com a equipe.

O estudo observou, ainda, condutas de uso da TAA para casos de perda da memória. De acordo com Oliveira, a equipe sempre levava dois cães às sessões, mas, na terceira, um dos cachorros não pôde comparecer. Resultado? Vários pacientes perguntaram pelo animal ausente. Caso semelhante foi observado em estudo conduzido em São Paulo, pela fonoaudióloga Glícia Ribeiro. A pesquisadora conta que uma paciente, diagnosticada com Alzheimer, apresentava memória recente bastante afetada, segundo avaliação fonoaudióloga inicial. “Após 6 meses, ela apresentou melhora na expansão de turnos de conversação, embora precisasse de ajuda da terapeuta para narrar, assim como na coesão e na coerência de seus enunciados”, relata.