A chegada de diversos aplicativos que facilitam a conexão entre motoristas e passageiros vem transformando a mobilidade urbana. Entretanto, isso também gera impactos para indústria, como mostra a pesquisa pioneira, desenvolvida pelo pesquisador Wilquer Silvano de Souza Ferreira, sob orientação da professora Gláucia Maria Vasconcellos Vale, no Programa de Doutorado em Administração da PUC Minas.
O estudo de Wilquer Silvano destaca as modalidades de transporte que mais foram impactadas com estes novos aplicativos, como ônibus e metrô. Outro ponto apresentado são os programas que estão na preferência dos consumidores.
Outras informações que constam no trabalho desenvolvido são os dados de empregabilidade e os perfis dos entrevistados. Foram feitas mais de mil entrevistas, desde clientes (usuários dos transportes) até os motoristas.
Wilquer Silvano analisou os dados de 2014, estreia do aplicativo em Belo Horizonte, até 2019, quando apresentou os resultados obtidos. A partir da análise, constatou que a adesão de 90% usuários no aplicativo Uber se deu até o ano de 2017. Contudo, nos anos seguintes houve adesões, mas não com o mesmo vigor. “Ainda há uma tendência de crescimento dos aplicativos, porém o ápice ocorreu até 2018”, afirma Silvano.
Em relação aos motoristas, a adesão se deu com maior força entre os anos de 2017 e 2018, saltando de 23% para 94%.
O estudo apresenta dados sobre as pessoas que não tinham uma oportunidade de emprego e, viram no Uber, uma possibilidade de renda, mesmo na informalidade. Há também os dados relacionados aos motoristas que utilizam a plataforma de transporte para complementar sua renda. Outra informação apontada na pesquisa apresenta o aplicativo de mobilidade como primeira oportunidade de emprego.
A pesquisa mostra que, com a entrada da Uber no mercado, houve impacto negativo para os segmentos como táxi, locação de veículos, combustível, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Outro fator apontado é a influência na indústria automobilística, em que, 71% dos usuários pesquisados concordam que a utilização de transporte por aplicativo elimina a necessidade da posse de um carro para deslocamento no ambiente urbano. “As pessoas estão deixando de ter veículos próprios para migrarem para os aplicativos”, afirma o pesquisador.
Para Wilquer Silvano, a motivação para o estudo foi “a constatação da mudança na vida das pessoas, a partir da chegada dos aplicativos de transporte, e a falta de uma pesquisa estatística que mostrasse estes impactos, com um nível de confiabilidade, como a desenvolvida que é de 95%” afirma.
Para mais informações, o trabalho desenvolvido pelo pesquisador e os resultados obtidos podem ser acessados neste dossiê.
Texto publicado originalmente no Minas Faz Ciência. Para ler mais textos como esse clique aqui.