Imagem: Acervo pesquisadora
Telas da plataforma Leitura do Lugar
Com o objetivo de representar e publicitar a compreensão dos territórios urbanos pelo olhar de quem o habita, o grupo Práticas Sociais no Espaço Urbano (PRAXIS), da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveu a plataforma online ‘Leitura do Lugar’. O estudo, que vem como um desdobramento de pesquisas anteriores do grupo, contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
O grupo PRAXIS se dedica a investigar as relações que estruturam o planejamento urbano. Especialmente aqueles caracterizados pela ocupação e autoconstrução. Segundo a pesquisadora do grupo, Carolina Almeida, para o primeiro uso da plataforma os pesquisadores procuraram um território popular do Eixo Norte de Belo Horizonte, Minas Gerais - região alvo de trabalhos anteriores do grupo.
“Escolhemos a Vila Mariquinhas, por ser uma região que possui uma interposição de diversas políticas públicas dando, assim, um destaque de contraposição”, informa Almeida.
A ferramenta foi parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Carolina e busca apoiar as práticas de planejamento urbano. A plataforma online busca, ainda, permitir a sistematização das diversas narrativas dos espaços, “com novas formas de visualizar e ler quaisquer territórios”, conta.
O PRAXIS é coordenado pelos professores Denise Morado e Daniel Medeiro. O projeto contou, ainda, com a colaboração de alunos de graduação da Escola de Arquitetura e da Escola Estadual Maria Carolina Campos.
Além da FAPEMIG, apoiaram financeiramente a pesquisa as instituições: CNPq, Fundação Ford e Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp). O estudo também teve apoio do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT/UFMG) e dos Labcidade e Observa São Paulo, instituições da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo foi desenvolvido em 2019, no entanto, para encontrar esses diversos ‘olhares’, deslocando-se da perspectiva institucional para a dos moradores, o grupo precisou desenvolver uma abordagem teórica metodológica. “Nesse processo elaboramos 13 linhas de análise, que surgiram a partir da narrativa dos moradores”, informa Almeida.
A partir dessas linhas, os pesquisadores fizeram um roteiro de entrevista semiestruturada, que os auxiliou nas entrevistas realizadas na Vila Mariquinhas. O próximo passo foi construir a plataforma online.
Para a pesquisadora, o estudo possibilita o acesso e a organização de representações das narrativas de um espaço urbano. “A publicitação dessas leituras expõe a realidade cotidiana dos territórios, podendo ser, inclusive, uma ferramenta de reivindicação e enfretamento de ações distantes daquela realidade”, destaca.
O estudo se propõe a ser um processo não linear, estando continuamente em melhoria. “Estamos sempre revisando as análises e revisitando esses lugares e abordagens, afim de aprimorar a plataforma. A ideia é que ela seja cada vez mais próxima e acessível ao morador”, conta.
A pesquisadora destaca que a experiência com a Vila Mariquinhas foi só a primeira aplicação do projeto. Segundo Almeida, o grupo está se preparando para incluir outras regiões na plataforma.
Porém, os próprios leitores também podem enviar, pela ferramenta, uma narrativa sobre um lugar. Para isso o grupo disponibilizou perguntas referentes a cada tipo de análise e um roteiro para auxiliar o preenchimento dos campos.
Os interessados irão responder questões sobre seu percurso no dia a dia, equipamentos urbanos, etc. Para amparar a narrativa, pode-se anexar fotos e mapas do lugar. O grupo irá analisar as informações e publicá-las na narrativa e território indicado. Saiba mais aqui.
Texto publicado originalmente no Minas Faz Ciência.