Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas 2

Minas Faz Ciência - 14-10-2020
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“Era uma vez a Terra. Ela nasceu há mais ou menos 4,5 bilhões de anos. Naquela época a gente não existia…”

O surgimento do nosso planeta e sua evolução, assim como a formação de oceanos, continentes, relevos e vegetações, são tema do primeiro episódio da segunda temporada do podcast infantil Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas. Ele foi lançado no dia 12, Dia das Crianças, e, a cada semana, vai apresentar histórias sobre a vida de grandes nomes da ciência, conceitos, teorias e acontecimentos científicos.

Nesta segunda temporada, crianças de todas as idades poderão ouvir contos construídos em parceria com pesquisadores de Minas Gerais. Os contos são baseados em circunstâncias reais, mas a narrativa usa recursos da ficção. A série é um produto do Minas Faz Ciência, projeto de divulgação científica da FAPEMIG.

Relembre aqui a primeira temporada do podcast

Os novos episódios serão lançados em agregadores de podcasts e no site Minas Faz Ciência Infantil. Os contos serão acompanhados da produção de material de apoio, publicados no site Minas Faz Ciência. O objetivo das postagens é explorar os temas relacionados ao conto científico, dando suporte a pais, responsáveis e professores.

Para esse primeiro episódio, sobre a História da Terra, contamos com assessoria científica  da Eneida Eskinazi Sant’Anna, professora de Ecologia Aquática da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). De acordo com a pesquisadora, o processo de surgimento da Terra não é conclusivo. É possível saber em estudos geológicos, por meio de marcadores ambientais, que, na sua formação, a Terra era um local inóspito.

Leia o conto e escute o podcast aqui.

Nosso planeta era muito quente, chuvoso e com presença de gases considerados tóxicos, portanto, um ambiente muito limitante para as formas de vida que a gente conhece hoje. Com o passar dos anos, o que mudou radicalmente essa condição e possibilitou o surgimento de algumas formas mais primitivas de vida, foi resfriamento da Terra. Com a formação de uma condição climática mais estável, sem grandes flutuações, a vida passou a ser possível.

Início da vida
“Pelo olhar da biologia, a vida na Terra surgiu a partir de compostos orgânicos muitos simples capazes de absorver elementos disponíveis na atmosfera e no ambiente aquático. Esses compostos orgânicos eram capazes de absorver formas simples de carbono, carbonato e outros elementos. Assim, foram se organizando em moléculas mais especializadas”, explica a professora Eneida Sant’Anna.

As moléculas especializadas deram origem a células primitivas, que se organizaram e foram se transformando em organismos mais simples, como bactérias. Algumas das mais antigas são as cianobactérias. A atividade metabólica desses organismos, que realizam fotossíntese mesmo sem essas estruturas celulares organizadas, transformou nossa atmosfera, possibilitando o surgimento de novas formas de vida.

“Costumo a falar com meus alunos, quando dou aula de ecossistemas que a gente esquece essa conexão que a gente tem com o passado. O simples ato de respirar, encher o pulmão de ar, nos conecta aos primeiros seres que possibilitaram o oxigênio estar presente na nossa atmosfera”, diz a pesquisadora.

A disponibilidade de oxigênio isso foi um gatilho evolutivo muito importante por facilitar a diversificação de formas de vida. Partimos de estruturas muito simples, do ponto de vista de organização biológica, para sistemas extremamente complexos, como os grandes mamíferos e humanos.

O processo de formação de novas espécies aconteceu com o planeta vivendo grandes transformações ambientais. É parecido com o que vivemos hoje: “Estamos acompanhando um planeta mais quente, mais seco, isso certamente vai ter um reflexo mais à frente na transformação de espécies, até que um dado momento a gente possa dizer: temos uma nova espécie.”, explica a professora Eneida Sant’Anna.

Ambiente e vida em transformação
A própria dinâmica da Terra conduziu o processo evolutivo do planeta como um ambiente. Um momento histórico fundamental foi a separação de continentes, consequência do movimento das placas tectônicas, e que fez aparecer montanhas bastante conhecidas como a Cordilheira dos Andes, na América do Sul, e o Monte Everest, na Ásia.

Segundo a professora Eneida Sant’Anna, essa transformação ambiental dá uma cara nova para o planeta e, também, altera os rumos da vida de espécies já existentes. A história dos Andes é um exemplo: “O surgimento da cordilheira é literalmente um divisor de águas e modificou inteiramente o clima da nossa região. O rio Amazonas era do outro lado e o soerguimento dos Andes alterou drasticamente essa paisagem”, conta.

Esse evento extinguiu espécies que existiam naquele ambiente com a presença do rio e fez surgir novos habitats. “No altiplano da América do Sul existem espécies que só existem porque o soerguimento dos Andes aconteceu. Portanto, o surgimento dos grandes biomas está relacionado aos impactos do relevo e ao processo adaptativos”, conclui.

Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas
Este texto é um conteúdo de apoio ao último episódio do podcast infantil Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas. O objetivo desta postagem é explorar os conceitos científicos, dando suporte a pais, responsáveis e professores. Assim, fica mais fácil ouvir o episódio com a criançada.