Covid -19: calculadora para risco de morte

Mariana Alencar / Minas Faz Ciência - 06-04-2021
4888

Grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançaram uma calculadora que determina o risco de mortalidade por covid-19. Liderada por Milena Marcolino, da Faculdade de Medicina, e pela professora Magda Pires, do Departamento de Estatística, a pesquisa contou com apoio financeiro da FAPEMIG.

O estudo Escore prognóstico para predição de doença grave e mortalidade causada pelo vírus Sars-Cov-2 (covid-19), também contou com o apoio do CNPq e partiu da necessidade de auxiliar os profissionais que atuam na linha de frente no combate à pandemia. “A ideia surgiu de uma inquietação minha. Além de professora, atuo como médica em serviços de urgência desde a minha formação, e sou apaixonada pela urgência, tanto que dou aula no internato de urgência, onde atendo junto com os alunos no pronto atendimento do HC/UFMG. Eu queria fazer uma pesquisa que trouxesse informação útil para quem está na linha de frente”, detalha Milena Marcolino.

Como funciona?

A calculadora é baseada em um escore: uma avaliação estatística de risco de morte, com base nos dados clínicos dos pacientes. Ou seja, o dispositivo utiliza dados objetivos da admissão do paciente com covid-19 no hospital e ajuda a identificar um subgrupo de pacientes com maior risco de morte.

Segundo as pesquisadoras, o escore foi desenvolvido com base nas informações de quase quatro mil pacientes e sua boa capacidade de descrever o risco de morte foi confirmada em outro grupo de mais de mil pacientes.

O desenvolvimento da calculadora aconteceu em três etapas. Em um primeiro momento foram coletados dados de prontuários de pacientes internados com
covid-19 em diferentes hospitais.

Em seguida, os dados clínicos e laboratoriais de referência foram selecionados para serem testados no escore. Por fim, o grupo testou a capacidade do escore na descrição do risco de morte em outro grupo de pacientes brasileiros, além de um grupo de pacientes internados em um hospital na Espanha.

“Publicamos uma análise inicial desse projeto recentemente. Os dados são muito alarmantes: 1 em cada 5 pacientes internados por covid-19 faleceu. Vimos um alto uso de antibióticos, mesmo sem evidências de infecção bacteriana. Isso pode gerar resistência das bactérias aos antibióticos, e podemos sofrer com isso em um futuro próximo”, comenta Milena.

Ao todo, o estudo contou com o envolvimento de 150 profissionais de saúde em 36 hospitais além de estatísticos, administradores e estudantes de Medicina, de Enfermagem e Estatística.

Trabalho colaborativo

Milena Marcolino e Magda Pires acreditam que a parceria entre Universidade e hospitais públicos, privados e filantrópicos foram essenciais para o desenvolvimento do projeto.

Magda ressalta ainda que, “o trabalho em conjunto da Medicina e da Estatística foi fundamental para o bom desenvolvimento do projeto, pois propiciou a aplicação eficiente de métodos estatísticos modernos na prática clínica em um cenário tão ímpar e relevante como o que estamos vivenciando com a covid-19”.


Texto publicado originalmente no Minas Faz Ciência com informações do Cedecom/UFMG