Em solenidade realizada nesta quarta-feira (8), em Brasília, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) assinou convênio para a criação do Centro Nacional de Vacinas MCTI UFMG. O ministro do MCTI, astronauta Marcos Pontes, participou do evento ao lado de outras autoridades e pesquisadores. A diretora da FAPEMIG, Camila Ribeiro, também participou da cerimônia.
Assinaram o convênio a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Almeida, o presidente da Finep/MCTI, Waldemar Barroso, o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, Felipe Atiê, e a diretora de Planejamento, Gestão e Finanças da FAPEMIG, Camila Ribeiro. O convênio destina R$ 50 milhões pelo MCTI e R$ 30 milhões pelo Governo de Minas Gerais (sendo R$12 milhões por meio da FAPEMIG) para a criação desse polo nacional, que ampliará as capacidades de desenvolvimento de vacinas nacionais.
Na solenidade, o secretário de Pesquisa e Formação Científica, Marcelo Morales, contou a história da criação da RedeVírus MCTI, que desde fevereiro de 2020 tem orientado as ações do MCTI para o enfrentamento da pandemia da covid-19 e destacou a atuação da Rede no desenvolvimento de vacinas nacionais, testes diagnósticos e vigilância genômica, entre outras ações. “Poucos sabem, mas até pouco tempo atrás, o Brasil não produzia nenhum insumo farmacêutico ativo para vacinas”, disse. “Importamos os insumos. A estratégia do MCTI foi criar uma estratégia de produção de vacinas de 2ª e 3ª geração, para que tivéssemos no País uma infraestrutura de produção de vacinas de altas tecnologias para doenças como dengue, zika e chikungunya, por exemplo”.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes falou das perdas causadas pela pandemia da covid-19, no Brasil e no mundo, e argumentou que o Brasil não pode ser dependente do mercado internacional, em vacinas, fármacos, sistemas e produtos que sejam essenciais para a saúde. Segundo ele, pela primeira vez, o Brasil vai ser capaz de desenvolver sua tecnologia, insumos, envasamento e distribuição de vacinas. “Temos que aprender com isso, a despeito de todas as dificuldades que enfrentamos”, disse. “Faltava muita coisa, mas nunca faltou vontade dos cientistas, do ministério e dos brasileiros em resolver esse problema”.
O pesquisador chefe do CN Vacinas, Ricardo Gazzinelli, ressaltou que a assinatura do convênio é um grande momento para os pesquisadores. “Isso parece ser um momento que concretiza um trabalho de décadas”, apontou. “Vejo com grande otimismo o futuro que nos aguarda e a parceria das instituições com os pesquisadores, que vai permitir o avanço na área de diagnóstico e vacinas que será muito importante para o País”.
“Ninguém faz nada sozinho”, disse o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de MG, Felipe Atiê, salientando o trabalho conjunto para a criação do Centro. “Desenvolvemos esse trabalho nos últimos seis meses para que tivéssemos ali a semente da esperança, do trabalho, da defesa da saúde dos brasileiros, com tecnologia nacional de vacinas em nossas mãos”.
O presidente da Finep/MCTI, Waldemar Barroso, ressaltou que a Financiadora é uma das ferramentas da “caixa” do MCTI. “Temos pessoas, cientistas comprometidos para resolver um problema nacional”, observou. “Estamos muito honrados de assinar este convênio com a certeza de que teremos vacinas nacionais em breve”.
A reitora da UFMG, Sandra Almeida, agradeceu ao ministro por ter acolhido a demanda da universidade e aos demais parceiros “para que nós possamos cumprir a missão maior das universidades públicas, que é produzir conhecimento e contribuir para o desenvolvimento do nosso país”.
A diretora de Planejamento, Gestão e Finanças da FAPEMIG, Camila Ribeiro (à esquerda) participou da assinatura do convênio para criação do Centro Nacional de Vacinas MCTI-UFMG?
Centro Nacional de Vacinas
O MCTI iniciou em julho de 2021 as tratativas para viabilizar a criação e construção do Centro Nacional de Vacinas, em parceria com o Governo de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec). Por meio da expansão e qualificação do CT Vacinas, da UFMG, o CN Vacinas promoverá o desenvolvimento de projetos de inovação nas áreas de vacinas, kits diagnósticos e fármacos com foco na transferência tecnológica para empresas e instituições que atuam no mercado. A ideia é que o centro domine todas as etapas do desenvolvimento desses produtos, incluindo as pesquisas, testes com pacientes até a criação de protótipos.
Outra estratégia é que o centro atue também uma plataforma para o surgimento de spin-offs que desejem comercializar os produtos desenvolvidos pelo Centro. Além disso, o CN Vacinas desprenderá esforços para apoiar grupos de pesquisa, instituições e empresas por meio da capacitação de profissionais e prestação de serviços.
O diálogo para a concretização da parceria vem desde fevereiro, a partir de uma reunião do ministro Pontes, o vice-Governador de Minas Gerais, Paulo Brant, e a reitora da UFMG, Sandra Almeida. Nos dias 13 e 14 de julho, o secretário de Estruturas Financeiras e de Projetos do MCTI, Marcelo Meirelles, também se reuniu com representantes da UFMG, BH-Tec e do governo de Minas Gerais para acertar os detalhes da parceria.
Dentro da estratégia de criação do centro, a ideia é que ele possa se sustentar a longo prazo por meio de parcerias com a iniciativa privada e com o ecossistema que existe no parque tecnológico.