Gabriela Barreto Lemos: "Precisamos não só fazer trabalhos que serão publicados na Nature". Foto: Pedro Strelkow
“Nos seus artigos, não coloque seu primeiro nome. Assim, eles não saberão que você é mulher e vão citar mais seus trabalhos”.
O conselho foi dado a Gabriela Barreto Lemos, 36, quando era mestranda do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no período de 2004 a 2006. Ela conta que a intenção da orientadora, Maria Carolina Nemes (1952-2013), era prepará-la para seguir carreira na Europa. O território seria ainda mais hostil para uma pesquisadora da área de ciências naturais do que o brasileiro. “Ela queria que eu me protegesse, fingindo que não era mulher, não usando saia, não mostrando emoções”, lembra. Embora reconheça a preocupação da professora em garantir sua “sobrevivência” como pesquisadora, Gabriela afirma que hoje não aconselharia suas alunas a fazer o mesmo.
Em 2018, cinco anos após a morte da docente da UFMG, a Sociedade Brasileira de Física concedeu-lhe uma homenagem, com a criação do Prêmio Carolina Nemes, destinado a físicas em início de carreira. Desde 2006, ela figura entre os membros da Academia Brasileira de Ciências, na área da Física, ao lado de personalidades como Márcia Barbosa. Certamente, Maria Carolina teria se orgulhado com a presença da pupila entre as brasileiras que receberão, em 2019, a Medalha Mietta Santiago, concedida pela Câmara dos Deputados para destacar iniciativas relacionadas aos direitos das mulheres.
O nome da condecoração faz referência ao pseudônimo da escritora e advogada mineira Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira (1903-1995), ativista do direito ao voto feminino no Brasil. Também serão agraciadas a bioquímica Débora Foguel [leia entrevista na edição nº 75 da revista Minas Faz Ciência]; a vereadora Marielle Franco, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, assassinada em março do ano passado; a professora Gina Vieira Ponte, idealizadora do Projeto Mulheres Inspiradoras; e a médica Beatriz Bohrer de Amaral, coordenadora do projeto Mulher e Saúde.
A cientista explica que uma das diferenças entre um “computador clássico” e um computador quântico é a natureza dos circuitos. Enquanto o primeiro trabalha com fluxo de elétrons, o segundo pode utilizar fótons, por exemplo. “Será uma revolução, do computador clássico para o computador quântico. O número de problemas que conseguiremos resolver, tanto na própria ciência como na economia, faremos muito mais rápido e muito melhor”, prevê
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Gabriela foi indicada por ter desenvolvido uma pesquisa inovadora, que capta fotografias através da reprodução de pequenos feixes de partículas e possibilita a construção de uma imagem invisível a olho nu. O experimento teve ampla repercussão em 2014, durante sua passagem pelo Instituto de Ótica Quântica e Informação Quântica de Viena, na Áustria. Ela foi selecionada em 2012 pela Academia Austríaca de Ciências para participar do VCQ Fellowship, numa concorrida competição internacional.