Header Background

Carregando dados...


Ciência
Publicado em 23 de set. de 2025 · Atualizado em 01 de out. de 2025 · Leitura: 4 min
por Bárbara Melo

A pesquisadora Elizângela Aparecida dos Santos, professora do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), é uma das vencedoras do Prêmio Fundação Bunge 2025, na categoria Juventude, direcionada a pesquisadores com até 35 anos. A premiação, que será realizada nesta terça-feira (23), analisou a contribuição dos pesquisadores dentro da temática “Gestão de risco climático na produção de alimentos” nas categorias “Obra e Vida” e “Juventude”.

Elizângela Aparecida dos Santos, professora do Instituto de Ciências Agrárias da UFVJM. Créditos: Arquivo pessoal

Foi nesta última categoria que Elizângela se destacou. Com apenas 31 anos, a pesquisadora é doutora em Economia Aplicada e dedica seus trabalhos à análise dos impactos das mudanças climáticas na agricultura brasileira. Seu interesse pelo tema começou durante a Iniciação Científica, na graduação, quando também iniciou sua trajetória como bolsista e posteriormente coordenadora de projetos apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

“A gente nunca espera ganhar um prêmio, ainda mais concorrendo com o Brasil todo. Quando me ligaram, nem acreditei. […] Desde a minha primeira iniciação científica, eu estudo a temática climática. Sempre quis abordar esses impactos a partir da perspectiva microeconômica, mais próxima das famílias e dos pequenos produtores”, explica.

Minas Gerais, agricultura familiar e mudanças climáticas

A temática é uma das mais urgentes da atualidade: os impactos ambientais e sociais das mudanças no clima. Minas Gerais abriga mais de 438 mil estabelecimentos da agricultura familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e, por isso, o foco de uma das pesquisas atuais coordenada por Elizângela é buscar entender como a adoção de sistemas agroflorestais podem ajudar produtores familiares a aumentarem sua produtividade e resistirem melhor aos efeitos das mudanças climáticas.

“Os sistemas agroflorestais, ou SAFs, permitem que diferentes culturas, árvores e até animais convivam em uma mesma área. Isso favorece a biodiversidade, melhora o uso do solo e proporciona uma renda mais diversificada para o produtor”, detalha a professora.

No Brasil existem regiões que estão mais susceptíveis a eventos climáticos extremos, como, por exemplo, a região Sul, que sofre com chuvas e enchentes, e a região Nordeste, que vive uma situação de seca que é histórica. Diante desse fato, a professora explica o impacto da adoção de SAFs. “Na maioria das vezes, agricultores familiares têm uma área muito menor em relação aos agricultores não familiares. Então eles tentam aproveitar aquela área o máximo possível, utilizando várias técnicas de regeneração florestal e proteção ambiental. Isso porque, quando a gente fala em agricultura, o nosso principal bem é justamente a terra. Como a agricultura familiar é praticada por pequenos produtores, a maioria do trabalho é feita por pessoas da mesma família. Então o foco é justamente a subsistência, a sustentabilidade e a parte ambiental da terra”.

Os resultados preliminares do estudo indicam que, nos municípios mineiros com maior vulnerabilidade histórica aos eventos climáticos extremos, há maior adoção desses sistemas. “Queremos descobrir se aqueles que utilizam o SAF realmente têm uma produtividade mais alta. Se conseguem ter uma rentabilidade mais alta, conseguem ter mais resiliência à mudança climática? Estamos percebendo que os produtores estão se adaptando, mesmo diante de tantos desafios”.

A coordenadora destaca que um dos objetivos do projeto é compilar os dados em uma cartilha com todos os benefícios do SAF para os produtores familiares. “Eu pretendo fazer uma cartilha justamente para poder incentivar aqueles produtores que ainda não o adotam a mudar para o sistema agroflorestal. O resultado da pesquisa também ajuda na adoção de políticas públicas para os produtores que optam pela SAF ou qualquer outro tipo de atividade mais agroecológica”, completa.

Apoio da FAPEMIG e reconhecimento nacional

A pesquisa de Elizângela é apoiada pela FAPEMIG por meio da chamada Demanda Universal de 2024. A Fundação também apoiou a trajetória da pesquisadora com bolsas durante a graduação e o mestrado. “Eu falo que a FAPEMIG sempre esteve presente na minha vida. Foi fundamental na minha formação e hoje continua sendo essencial para os projetos que desenvolvo como professora”, destaca.

Para Elizângela, o reconhecimento do Prêmio Fundação Bunge também é uma forma de valorizar um modelo de pesquisa voltado para a transformação social. “A agricultura familiar está na base da nossa alimentação e do nosso meio ambiente. Quando a gente olha para os produtores com respeito e investe em soluções sustentáveis, todo o país ganha”, conclui.

Criado em 1955, o Prêmio Fundação Bunge é uma das mais tradicionais premiações científicas do país. A edição 2025 destaca iniciativas relacionadas à produção de alimentos frente à crise climática. Saiba mais sobre a premiação.

Compartilhar

Mais Notícias

Todas as Notícias
Imagem da notícia FAPEMIG lança chamada de apoio à infraestrutura para pesquisa na Uemg e Unimontes
Ciência

09 de out. de 2025

FAPEMIG lança chamada de apoio à infraestrutura para pesquisa na Uemg e Unimontes

Imagem da notícia UFTM recebe Projetos Inspiradores para falar sobre o Geoparque Uberaba
Ciência

09 de out. de 2025

UFTM recebe Projetos Inspiradores para falar sobre o Geoparque Uberaba

Imagem da notícia Abertas inscrições para o Programa AI4Good da Brazil Conference 2026 
Inovação

08 de out. de 2025

Abertas inscrições para o Programa AI4Good da Brazil Conference 2026