Header Background

Carregando dados...


Ciência
Publicado em 12 de dez. de 2025 · Atualizado em 12 de dez. de 2025 · Leitura: 5 min
por Bárbara Melo
Para ser considerado QMA, o queijo deve ser feito com leite cru, pingo e maturação cuidadosa. Créditos: Bárbara Melo/FAPEMIG

Em Minas Gerais, o queijo é muito mais que um produto: é um símbolo da cultura, da história e da identidade do Estado. O seu método de produção artesanal foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e, aliado à ciência, o produto vem melhorando a sua qualidade, a produtividade e a visibilidade nacional e internacional. Este é o objetivo das pesquisas voltadas aos queijos artesanais desenvolvidas no Instituto de Laticínios Cândido Tostes (Epamig-ILCT), apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o ILCT possui diversas linhas de pesquisas relacionadas a leite e derivados e uma delas é com queijos artesanais. Quando falamos do Queijo Minas Artesanal (QMA), falamos de aproximadamente nove mil produtores, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que contam com o auxílio de pesquisadores para aprimoraram seus produtos.

“Antes, a gente trabalhava muito fechado no laboratório. Hoje chegamos no produtor. Esse modelo de pesquisa em interface com a extensão tem sido fundamental”, destaca Júnio de Paula, pesquisador e professor do Epamig-ILCT.

“Esse modelo de pesquisa com interface com a extensão tem sido fundamental”, comenta Júnio de Paula. Créditos: Bárbara Melo/FAPEMIG

Parceria entre a ciência e a tradição

Por trás da tradição, há ciência. Um exemplo recente é o projeto desenvolvido no Instituto nomeado “Monitoramento da qualidade de queijos artesanais de Minas Gerais e capacitação de técnicos e produtores visando agregação de valor e competividade”, financiado pela FAPEMIG e em vigor desde 2022. Até agora, já atendeu 98 queijarias de regiões como Alagoa, Mantiqueira, Serras de Ibitipoca e Campo das Vertentes.

Uma das queijarias atendidas é a Sítio Primavera, localizada nas Serras de Ibitipoca e ganhadora de diversos prêmios pela produção do QMA. Entre as premiações estão duas medalhas, prata e ouro, na Expo Queijo de Araxá, em 2021, e a medalha Super Ouro no Concurso Mundial de Queijos em 2024. A produtora Maria Elisa de Almeida conta que começou sua produção em 2019 e que, durante a pandemia, utilizou o tempo em casa para fazer testes.

“Fizemos todos os tipos de teste possíveis, desde a quantidade de sal até a quantidade de leite, e quando acabou a pandemia nos inscrevemos em um concurso e ganhamos uma medalha de prata e uma de ouro. Logo após essa conquista, a Epamig-ILCT nos procurou para participar de uma primeira pesquisa, que foi sobre a qualidade do queijo mineiro. A partir de então, viramos parceiros e participamos de outras pesquisas também”, conta.

Maria Elisa e seu esposo trabalham na produção e comercialização dos queijos, além de receberem a Epamig para elaboração de pesquisas práticas. Créditos: Bárbara Melo/FAPEMIG

As pesquisas com os queijos artesanais buscam apoiar os produtores a valorizar aquilo que já é singular, preservando identidade, promovendo qualidade e abrindo caminhos para novos mercados. Além disso, têm a função de entender o modo de produção, que inclui análise laboratorial de leite, água, queijo, soro-fermento e salmoura, avaliação microbiológica e físico-química, identificação de defeitos e recomendação de boas práticas, sempre preservando as características únicas de cada queijo artesanal.

Como explica Júnio de Paula, “o trabalho busca aproximar pesquisa e prática, conectando pesquisadores e produtores. […] A gente mostra para eles onde estão errando ou onde podem melhorar. E os resultados são reais: tem produtor que ganhou prêmio e agradeceu o apoio do projeto, tivemos produtores que conseguiram se regulamentar durante o projeto. Isso melhora a renda, a qualidade e abre portas”.

Valorização econômica, segurança e reconhecimento

Para os produtores, o impacto é real: muitos relatam aumento na procura e no preço de venda após implementar as recomendações. “Quando você melhora a qualidade, melhora o mercado. Hoje, vemos queijos que eram vendidos a R$30 alcançando R$50, R$60, até R$100 ou mais. Um produtor da Canastra, por exemplo, vende o queijo da manhã por R$ 100 e o da tarde por R$ 130, porque tem mais gordura e fica mais gostoso. Se ele trabalha com 25 queijos por dia,  movimenta quase R$ 80 mil na propriedade. E se cada um dos nove mil produtores conseguir metade disso, imagine a renda que esse setor agrega”, complementa Júnio de Paula.

Além disso, a pesquisa ajuda a garantir padrões de qualidade e segurança essenciais para que o QMA continue a ser comercializado e apreciado sem comprometer saúde ou tradição. Isso reforça sua confiabilidade junto ao consumidor e sua viabilidade de mercado, hoje e no futuro.

Esse é o momento de mostrar que a pesquisa chega de verdade, transforma e ajuda a evoluir o setor. É o Estado fazendo seu papel de transferir renda e fortalecer quem produz. O queijo artesanal agrega valor, movimenta a economia, conta nossa história. E a pesquisa garante que ele continue vivo, seguro e valorizado”, destaca o pesquisador.

A pesquisa ajuda a garantir padrões de qualidade e segurança essenciais para que o QMA continue a ser comercializado e apreciado. Créditos: Bárbara Melo

Compartilhar

Mais Notícias

Todas as Notícias
Imagem da notícia Nota sobre resultado da chamada PPSUS
Ciência

12 de dez. de 2025

Nota sobre resultado da chamada PPSUS

Imagem da notícia Divulgado resultado parcial da Chamada Deep Tech 
Inovação

11 de dez. de 2025

Divulgado resultado parcial da Chamada Deep Tech 

Imagem da notícia FAPEMIG divulga resultado da Chamada Mobility Confap Italy 2025 
Chamadas

05 de dez. de 2025

FAPEMIG divulga resultado da Chamada Mobility Confap Italy 2025