A FAPEMIG e o Instituto Serrapilheira firmaram parceria para o financiamento de projetos de pesquisa ousados e arriscados. Eles foram selecionados pela 6ª chamada pública de apoio à ciência do Serrapilheira, focada em pesquisadores que propusessem grandes perguntas nas áreas de ciências naturais (Física, Química, Geociências e Ciências da Vida), Matemática e Ciência da Computação.
A iniciativa decorre de uma parceria entre o Serrapilheira, o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e as FAPs de alguns estados e se dá por meio de cofinanciamento. Nesta quarta-feira (27), foi publicado no Diário Oficial do Estado o extrato da parceria firmada com a FAPEMIG com o objetivo de estabelecer as condições para a colaboração.
Ao todo, foram selecionados 32 pesquisadores para receberem R$ 22 milhões. Em Minas Gerais, 5 pesquisadores receberão o financiamento, totalizando R$ 3 milhões. Para Caroline Pimentel, chefe do Departamento de Parcerias Públicas (DPP), “a parceria com o Serrapilheira é de grande valia, já que, além de termos como um objetivo comum o apoio e fomento a projetos de natureza científica, o Instituto também busca projetos originais e ousados, trazendo o risco como parte do avanço da ciência”.
Dos recursos disponibilizados na 6ª chamada do Serrapilheira, cerca de R$ 3,2 milhões serão destinados ao chamado “bônus da diversidade”, a ser investido na formação e integração de pessoas de grupos sub-representados nas atividades de pesquisa. A distribuição dos valores varia conforme alguns critérios, como o uso dos recursos, e está sendo avaliada caso a caso com cada FAP.
“Através deste Acordo de Parceria, criaremos condições necessárias para que os jovens cientistas mineiros desenvolvam suas pesquisas contando com recursos financeiros, autonomia de escolha de projeto e flexibilidade de gerenciamento. Esperamos que os beneficiados alcancem excelência em suas pesquisas e ofereçam grandes contribuições às suas áreas de atuação”, destaca Pimentel.
Os cientistas selecionados
Os pré-requisitos para concorrer ao financiamento oferecido pelas agências incluía possuir vínculo permanente com alguma instituição de pesquisa no Brasil e ter concluído o doutorado entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2020 – prazo estendido em até dois anos para mulheres com filhos. A 6ª chamada valorizou especialmente projetos de pesquisa arriscados, e pedia que os candidatos detalhassem como suas escolhas poderiam dar errado e o que eles pretendiam fazer caso isso ocorresse. A premissa é a de que a ciência avança mais quando assume riscos.
Os contemplados vão receber entre R$ 200 mil e R$ 700 mil, a serem usados durante cinco anos. Eles também terão acesso a recursos extras – até 30% do grant recebido – para investir como bônus da diversidade.
Conheça os pesquisadores e os projetos mineiros que foram contemplados:
Ciências da vida
Amanda Cunha
Universidade Federal de Viçosa (MG)
Projeto: Como a interação entre hidroides e seus substratos vivos molda os padrões de diversidade desses invertebrados coloniais marinhos?
O projeto vai estudar a relação entre hidroides – uma das fases da vida de pequenos animais semelhantes a águas-vivas – e outros animais e algas marinhos para entender a biodiversidade de invertebrados marinhos.
Artur Santos-Miranda
Universidade Federal de Minas Gerais (MG)
Projeto: A via da CAMKII é um regulador central da disfunção de cardiomiócitos e da carga parasitária de T. cruzi durante a implementação da cardiomiopatia chagásica?
O projeto visa estudar o papel da via de sinalização celular dependente de CaMKII para a biologia do Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas), e para a função dos cardiomiócitos – as células contráteis do músculo do coração.
Cibele Rocha Resende
Universidade Federal de Minas Gerais (MG)
Projeto: Os macrófagos residentes são ativados pelo estresse cardíaco?
O projeto busca entender como os macrófagos se integram no microambiente cardíaco e qual o seu impacto na função cardíaca.
Marilia Sonego
Universidade Federal de Itajubá (MG)
Projeto: Como as trincas no fruto da castanha-do-pará podem funcionar como mecanismos de tenacificação resultando em uma cápsula protetora extraordinária?
Usando microtomografia dos frutos e impressão 3D, o projeto vai investigar como as pequenas trincas e vazios no fruto da castanha-do-pará fazem com que ela seja tão resistente e tenaz.
Ciência da computação
Dalton Martini Colombo
Universidade Federal de Minas Gerais (MG)
Projeto: Os circuitos eletrônicos existentes operam com base em sinais em formatos analógico e digital. É possível mudar esse paradigma e utilizar sinais no domínio tempo?
Visando um novo tipo de hardware mais eficiente que os atuais, este projeto pretende desenvolver uma nova classe de circuitos eletrônicos que utiliza o tempo entre pulsos elétricos para codificar e processar dados.