Na manhã de hoje, 27/05, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) recebeu Luciana Maria Silva Lopes, pesquisadora e empreendedora da Fundação Ezequiel Dias (Funed). A cientista foi a quinta convidada do Papo de Inovação – projeto que busca ouvir pesquisadores/inovadores para falar de sua história e sobre como a FAPEMIG ajudou ou atrapalhou sua caminhada profissional.
Luciana Silva é bióloga, doutora em biologia celular, chefe do Serviço de Biologia Celular da Funed e fundadora da OncoTag, primeira startup fruto de parceira técnico-científica da instituição, que atua na pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços oncológicos. Também é docente titular do mestrado em Biotecnologia da Funed e credenciada como docente no programa de pós-graduação em genética do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG), além de participar de diversas ações de divulgação e popularização da ciência e de iniciativas por mais diversidade na ciência, como a Liga da Ciência Preta Brasileira.
A pesquisadora apresentou sua trajetória e os desafios enfrentados no campo da docência, pesquisa e inovação. Como grande entusiasta das Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Bic-Jr), Luciana aponta como um desafio distribuir as bolsas entre tantos estudantes. “Tenho três Bic-Jr e considero o programa muito importante. Como também sou docente do Mestrado Profissional em Biotecnologia da Funed, penso que seria muito importante ter bolsas destinadas ao programa, pois é uma forma de dar continuidade ao trabalho desses meninos que entram como bolsistas no Ensino Médio e na Graduação”, sugere.
Desafios da Inovação
Para Luciana, no campo da inovação, os entraves começam na linguagem usada, pois muitas vezes o pesquisador não entende os jargões das startups e tem dificuldades de participar dos processos. Outro desafio apontado pela cientista é o excesso de desconfiança exercido pelos órgãos de controle do Estado. “É comum eu ter que responder a denúncias dentro da própria Funed. As pessoas não sabem como funciona o contexto da inovação e acham que estamos ganhando dinheiro indevido com a startup ou que estamos gastando o tempo de trabalho em questões particulares, mas se esquecem de que a patente depositada está em nome da Funed”, aponta.
Em função disso, Luciana acredita que aumentar a segurança jurídica é fundamental para que os pesquisadores tenham coragem e ousadia para seguir inovando. “Temos o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, mas, penso que, por desconhecimento, o judiciário mineiro não aceita nossa Política de Inovação e age de maneira acusatória. Se eu cometi um erro em um documento, não quero que me apontem como culpada, quero que me ensinem a fazer da maneira correta”, afirma.
Do mesmo modo, a pesquisadora cita a dificuldade de viabilizar parcerias entre empresas e a Funed, pois, por mais que existam alguns editais que incentivem parcerias entre Instituições de Ciência e Tecnologia e startups, na prática, isso não funciona, também em virtude dos entraves jurídicos.