A ciência e a tecnologia, quando direcionadas à solução de problemas que afligem a população, podem resultar em políticas públicas mais eficazes e economia de recursos. Isso foi demonstrado pelo professor Álvaro Eiras, do departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Eiras foi o convidado da FAPEMIG no Papo de Inovação do mês de setembro. O encontro mensal é um espaço criado para troca de ideias entre a equipe gerencial da Fundação e pesquisadores ou empreendedores que receberam seu apoio durante a carreira.
O professor falou sobre seu percurso acadêmico, com pesquisas focadas no controle de vetores, e destacou seu envolvimento com a pesquisa aplicada e o empreendedorismo. Ele possui 18 patentes registradas, das quais 12 estão licenciadas e em uso no Brasil e em outros países. Criou três spin-offs, duas das quais foram vendidas para empresas estrangeiras. A FAPEMIG participou de sua trajetória por meio de financiamentos diversos, incluindo projetos de pesquisa e bolsas.
?Álvaro Eiras, professor do ICB/UFMG, foi o convidado do Papo de Inovação do mês de setembro (Foto: Carla Radicchi/FAPEMIG)
Controle da dengue
Um dos casos relatados por Eiras foi o da empresa Ecovec, a primeira fundada por ele, em 2002. A Ecovec oferecia ao mercado um produto que foi resultado de pesquisas: uma armadilha para o mosquito da dengue, Aedes aegypti. “Tínhamos o produto, mas a empresa também oferecia um serviço: o mapeamento dos locais de risco, onde havia mosquitos infectados, para direcionar ações de controle pelo poder público”, conta.
A tecnologia chegou a ser utilizada em 210 municípios em oito estados brasileiros. Ele calcula um impacto significativo, representado por uma redução de 67% de casos de dengue no período em que foi utilizada e mais de 12 milhões de pessoas protegidas. A Ecovec foi vendida em 2019 para uma empresa britânica especializada no controle de pragas urbanas.
Hoje, Eiras está envolvido com sua terceira empresa, que tem como foco não o controle do vetor, mas a proteção individual contra os mosquitos. Ele destaca a importância de associar a ciência com a resolução de problemas e a geração de impacto positivo, além de enfatizar a importância da FAPEMIG como um possível agente de ligação entre academia e as demandas do governo.