Tecnologia previne inundação e otimiza o agronegócio

Tatiana Nepomuceno - 16-01-2020
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Empresa de base tecnológica criada em Belo Horizonte, a WayCarbon Soluções Ambientais e Projetos de Carbono Ltda, uma das empresas apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), possui como objetivo estudar e desenvolver soluções inovadoras relacionadas às mudanças do clima para áreas urbanas e rurais. Neste contexto, a empresa criou o Model for Vulnerability Evaluation (Move): ferramenta integrada capaz de estimar a vulnerabilidade e o risco associado a mudanças do clima, por meio de indicadores multisetorial e em escala múltipla transformada em software.

De acordo com a gerente de Risco Climático e Adaptação da empresa, Melina Amoni, a criação do Move se deu a partir da necessidade em quantificar o impacto associado à mudança do clima em suas diferentes escalas espaciais e temporais. “Considerando diferentes níveis de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, associando as informações de vulnerabilidade, ou seja, mais ou menos sensível ou mais ou menos preparado em relação às ameaças, correlacionado a exposição, chegando em um indicador de risco", explica 

Amoni diz que os resultados gerados pelo Move já foram aplicados em diferentes contextos do setor privado, público e agora poderá ser utilizado para otimizar a produção agrícola. “Relacionado ao setor público, ela cita como exemplo o estudo realizado para Belo Horizonte no qual foi calculado o Índice de Vulnerabilidade climática até 2030, utilizando o Move. Nele, a população pode compreender de forma visual (mapas) quais são as áreas da cidade que estão mais expostas às ameaças de inundação, deslizamento, doenças transmissíveis e ondas de calor”, esclarece.  

Já para o setor do agronegócio, Amoni explica que, por ser especialmente sensível às variações climáticas, é uma das áreas que mais poderá ser impactada pelas variações no regime de precipitação e temperatura, causados pela mudança do clima.  Assim, entender qual o impacto através de informações técnicas de quantificação do risco associado a mudança do clima, refletidas em valores econômicos, é importante para a competitividade e sobrevivência do negócio. "Além do mapeamento do risco, novas oportunidades também podem ser mapeadas, como novas áreas para produçãoO produtor de café, por exemplo, é preciso que ele entenda como vai ser o comportamento da temperatura, não só no curto prazo, mas também a longo prazo", explica.

Amoni fala que de acordo com as tendências dos modelos climáticos, até o final do século XXI, áreas que possuem clima favorável hoje, podem não possuir mais, o que vai afetar diretamente a produção. "Assim, com o entendimento do comportamento climático o tomador de decisão poderá implantar novas tecnologias para que não afete a sua produção no futuro. Ou seja, devemos pensar no clima a longo prazo, uma vez que sempre o custo da inação será maior que o custo da ação, fala.

A gerente enfatiza, também, da necessidade de uma maior sensibilização da sociedade civil e dos gestores públicos e privados. Para ela, o risco climático já é imperativo e o tempo de ação está cada vez menor. “Entender e quantificar o risco é essencial para que possamos nos adaptar à nova realidade climática. A partir do momento em que o tomador de decisão tem total conhecimento dos riscos associados às mudanças do clima, como as ameaças agudas relacionadas às inundações ou deslizamento, e as ameaças crônicas, como a escassez, é possível identificar ações que possam diminuir o impacto relacionado a estes riscos”, finaliza.

*A WayCarbon Soluções Ambientais e Projetos de Carbono Ltda é uma empresa apoiada pela FAPEMIG por meio da chamada Tecnova/2013 - Programa de apoio à inovação tecnológica em microempresas e empresas de pequeno porte em Minas Gerais.