O segundo Grand Challenges Explorations (GCE), exclusivo para projetos no Brasil sobre o tema “Ciência de dados para melhorar a saúde materno-infantil, saúde da mulher e da criança no Brasil”, recebe propostas até 30 de dezembro*. A FAPEMIG irá destinar até R$140 mil para apoio à Chamada Pública N° 31/2020.
Lançada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e, em colaboração com a Fundação Bill & Melinda Gates e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – Confap, a Chamada vai financiar propostas de até R$ 550 mil que utilizem análises de bancos de dados e técnicas de machine learning para entender os principais fatores que impactam a saúde materno-infantil, a saúde das mulheres e das crianças no Brasil e propor soluções nessas áreas. Além disso, a oportunidade incentiva o envio de propostas que considerem os impactos da pandemia da covid-19 na saúde desses grupos.
Confira as Diretriz FAPEMIG 504/2020 para apoio à Chamada Pública Nº 31/2020.
PRIMEIRA CHAMADA
Em 2018, a primeira chamada do GCE em Ciência de Dados financiou 14 projetos na área da saúde materno-infantil. Os selecionados utilizaram uma ampla variedade de ferramentas de análise, como cruzamentos, visualização de dados, machine learning e inteligência artificial, para gerar informações que ajudaram a avaliar políticas existentes ou a criar novos programas para melhorar a saúde de mulheres e crianças.
Entre os projetos financiados e que já foram concluídos na primeira chamada estão o de Muriel Gubert e Gilberto Kac. Muriel, professora da UnB e doutora em Ciências da Saúde, ao lado dos pesquisadores Gabriela Buccini e Marcos Ennes, criou o Índice Município Amigo da Primeira Infância, o IMAPI, que avalia ambientes favoráveis para o desempenho na primeira infância em municípios brasileiros.
O IMAPI foi criado a partir da agregação de um conjunto de indicadores de diferentes bases de dados sobre os municípios e tem como objetivo apoiar a tomada de decisões de gestores sobre políticas relacionadas à primeira infância. “A ideia da ferramenta é que o município reconheça suas fragilidades e suas fortalezas para melhorar o desenvolvimento na primeira infância”, explica Muriel. O projeto recebeu apoio adicional da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
Já o projeto do pesquisador e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gilberto Kac, tem como objetivo criar uma nova curva de monitoramento de ganho de peso gestacional para auxiliar no monitoramento das mulheres durante a gravidez. Durante este período, é importante que a mulher ganhe peso, mas é preciso que este ganho fique dentro dos parâmetros considerados normais.
“É importante que a mãe acompanhe esta curva. Uma mulher que ganha um peso muito acima da recomendação tem riscos de ter obesidade no pós-parto, por exemplo. Se ela ganha abaixo do recomendado, pode gerar crianças desnutridas”, explica Gilberto. A ideia é que em 2021 a nova curva substitua a antiga que está nas cadernetas de gestantes utilizadas no SUS.
Nesta segunda rodada, os pesquisadores terão acesso aos bancos de dados vinculados ao DATASUS/MS, à Plataforma de Ciência de Dados Aplicada à Saúde (PCDaS/FIOCRUZ) e ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde, o CIDACS/FIOCRUZ. Este último disponibilizará aos pesquisadores datasets da Coorte de 100 milhões de brasileiros que têm dados entre 2006 e 2018 oriundos do Cadastro Único (CadUnico), do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Mais detalhes sobre os dados disponíveis das três plataformas podem ser acessados em bit.ly/GCE-2020-synapse.
Os projetos devem ser encaminhados, em português e inglês, ao CNPq através do Formulário de Propostas online disponível na Plataforma Carlos Chagas (carloschagas.cnpq.br). Para enviar seu projeto, o proponente deve ter vínculo formal com instituição de pesquisa brasileira, que precisa estar cadastrada no Diretório de Instituições do CNPq.
Para mais informações sobre como enviar projetos, acesse: bit.ly/GCE-2020-cnpq
O Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) realiza estudos e pesquisas baseados em projetos interdisciplinares originados na integração de grande volume de dados. Com auxílio de recursos computacionais de alto desempenho e do conhecimento já acumulado pelos pesquisadores associados, o CIDACS contribui para a produção de conhecimentos científicos inovadores para ampliar o entendimento dos determinantes e das políticas sociais e ambientais sobre a saúde da população, além de apoiar tomadas de decisões em políticas públicas, em benefício da sociedade.
Lançada em 2016, a PCDaS é uma iniciativa do Laboratório de Informação em Saúde (Lis) e do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (Ctic), ambos do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), tem em como objetivo principal desenvolver e disponibilizar Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde (conceito de PaaS – Platform as a Service) pública e gratuita com utilização de ferramentas open source para armazenamento, gestão, análise e disseminação de grandes quantidades de dados de saúde e seus determinantes socioambientais para pesquisadores, docentes e discentes de instituições de ensino e pesquisa, bem como gestores governamentais.
O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) tem como responsabilidade prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e suporte de informática, necessários ao processo de planejamento, operação e controle. Em quase 25 anos de atuação, o DATASUS já desenvolveu mais de 200 sistemas que auxiliam diretamente o Ministério da Saúde no processo de construção e fortalecimento do SUS.
Em 2007, a Fundação Gates lançou o Grand Challenges Explorations para envolver inovadores do mundo mais rapidamente. Boas ideias surgem em todos os lugares. Duas vezes ao ano, a iniciativa aceita propostas de projetos de alto risco e alta recompensa em uma série de desafios.
No Brasil, uma parceria com Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) pode proporcionar um aporte financeiro adicional a inovadores de seus estados que tiverem suas ideias selecionadas pelo programa.
*ATUALIZAÇÃO 25/09/2020: Prorrogado o prazo de submissão de 28/09 para 30/12.