A UFMG é uma das instituições que participam da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), lançada na última quinta-feira, 24/9. O consórcio reúne cerca de 30 projetos que trabalham e contribuem para enfrentar a desinformação, especialmente nas áreas de saúde, política, meio ambiente, ciência e tecnologia.
A Força-tarefa Amerek, iniciativa apoiada pela FAPEMIG, representa a UFMG nessa rede. "Integrar a RNCD significa dar visibilidade às ações e movimentos que a UFMG vem realizando junto com outras Ifes (Instituições Federais de Ensino), no combate à desinformação, tarefa tão importante para a defesa da democracia, da saúde pública e do meio ambiente", afirma o professor Yurij Castelfranchi, um dos coordenadores da Amerek, ao lado do também professor Roberto Takata. "É também um reconhecimento ao esforço coletivo e voluntário de estudantes, pesquisadores, docentes e de pessoas de fora da UFMG e ao curso de Comunicação da Ciência, que integraram a Força-tarefa Amerek e agora estão juntos nessa rede transversal, interdisciplinar e interinstitucional", acrescenta.
A RNDC surgiu, em 2019, no âmbito do Programa de Pós-doutorado da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao integrar o Projeto Mandacaru, vinculado ao Comitê Nordeste de Combate à Covid, conquistou mais voluntários de todas as regiões do país. Cada um contribui com atuação específica.
O site da rede oferece uma interface por meio da qual o público pode alertar sobre informações veiculadas em sites, perfis de redes sociais ou no WhatsApp que devam ser checadas pelos integrantes da RNDC.
"Desinformação é uma questão seríssima, que inicialmente habitava os territórios mais políticos, mas agora está totalmente presente também nas áreas de saúde, meio ambiente, ciência e tecnologia”, afirma o professor Yurij Castelfranchi.
Compreender como funciona o universo da informação e como as pessoas podem difundi-la é fundamental para mudar esse cenário, na avaliação do professor. A começar pelo entendimento do próprio termo "desinformação", que diferentemente de "fake news" (notícias falsas), representa um ecossistema muito mais complexo.
O professor esclarece que o termo fake news, criado por políticos para deslegitimar o jornalismo investigativo de qualidade, é impreciso e pouco usado no meio acadêmico, porque também contradiz o próprio conceito técnico de notícia, que é o relato de um fato ocorrido e não de uma falsidade.
Castelfranchi define as fake news como desinformações que se camuflam de notícias, apropriando-se do estilo, timbre, linguagem, formato e dos mesmos canais em que as narrativas jornalísticas são propagadas. "São narrativas construídas para ativar emoções como indignação, repúdio, medo, raiva e ódio. E, quando essas emoções coincidem com valores, crenças ou posicionamentos políticos, as pessoas tendem a acreditar e a reproduzir essas desinformações", justifica.
Em razão dessa complexidade, o combate às fake news transcende a oferta de informações corretas e envolve a construção e a reconstrução de uma relação de confiança entre as instituições e seus públicos, base do trabalho da Amerek. A força-tarefa empenha-se em produzir informação sob medida, conforme as necessidades de grupos específicos, como imigrantes, moradores de periferias e grupos tradicionais. Essas informações devem ser aplicáveis no cotidiano das pessoas, contribuindo para que percebam o que podem fazer para mudar suas realidades.
“Trata-se de uma construção coletiva da informação, com diálogo direto, gravando as vozes, competências e conhecimentos desses grupos. Suas informações devem ajudar a empoderar as pessoas e a construir pontes para combater a desinformação”, conclui Castelfranchi.
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