Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) começaram, na última semana, a imunização de cavalos para a produção de soro contra o coronavírus. A finalização de lotes-pilotos com cinco mil ampolas para estudos clínicos está prevista para janeiro de 2021. O soro para o tratamento da covid-19 é desenvolvido a partir de anticorpos de cavalos imunizados pelo vírus inativado SARS-CoV-2. O uso do soro será restrito ao ambiente hospitalar a partir de prescrição médica. A pesquisa tem apoio da FAPEMIG.
Em Minas Gerais, até a manhã do dia 10/11, foram registrados 372.482 casos confirmados de covid-19 e 9.204 óbitos. São 19.550 casos em acompanhamento e 343.728 pessoas foram recuperadas. “Enquanto não há tratamentos antivirais específicos e vacinas aprovadas, o desenvolvimento do soro deve ser considerado uma opção para o tratamento da infecção”, explica o chefe do Laboratório de Biotecnologia e Saúde da Funed e coordenador da pesquisa para o desenvolvimento do soro anti-covid-19, Sérgio Caldas.
Há mais de cem anos a Funed tem acumulado experiência para a produção de soro, além de contar com toda infraestrutura para o desenvolvimento do tratamento anti-SARS-CoV-2. A instituição dispõe de toda cadeia para desenvolvimento, produção e conhecimento existentes para a produção de soros antipeçonhentos, antitoxinas e antiviral em atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais e no Brasil. Segundo o coordenador da pesquisa, em uma única instituição, em Minas Gerais, estão disponíveis todos os requisitos necessários para o desenvolvimento do produto: a matéria-prima – o vírus circulante proveniente do diagnóstico e seu isolamento em laboratório com alto nível de biossegurança (NB3) –, a pesquisa científica e o parque industrial para produção em grande escala.
A partir de estudos clínicos para validação da segurança e eficácia do soro será solicitado o registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a produção de lotes industriais em larga escala.
Investimentos
Por meio da FAPEMIG, a Funed recebeu R$ 213 mil que estão sendo utilizados para as etapas de desenvolvimento do produto e testes de imunização. A produção dos lotes-pilotos irá receber investimento do Governo de Minas para a produção. “Vamos otimizar os recursos orçamentários estaduais ao lançarmos mão de toda a nossa estrutura integrada. Além disso, não será necessário investimento em fábrica, pois vamos usar a mesma estrutura que a Funed já tem para a produção dos demais soros”, ressalta o presidente em exercício da Funed, Ronei Monteiro.
Ainda segundo Monteiro, todas as fases estão sendo executadas na Funed – da pesquisa científica e desenvolvimento ao produto industrial, “o que contribui para a otimização de toda a cadeia, com redução do tempo de produção e distribuição para o SUS”, reforça.