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Com investimentos do Governo de Minas, Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça da Ufla, auxilia produtores na pureza da bebida e evita contaminações
Nas últimas semanas, o Brasil foi surpreendido com os registros de contaminação de bebidas alcoólicas por metanol. Em grandes concentrações, a substância pode afetar a saúde e até levar à morte.
E quando o assunto é bebida alcoólica, Minas Gerais tem tradição na produção de cachaça de alambique. São 13,5 milhões de litros produzidos por ano e mais 2,4 mil cachaças registradas. Além disso, Minas responde por quase 40% dos estabelecimentos elaboradores de cachaça registrados no país (501).
Por isso, além da atuação da fiscalização e certificação de órgãos competentes garantirem a qualidade do produto no estado, um dos aliados nesse processo é o Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça (CRAQC), da Universidade Federal de Lavras (Ufla), que tem auxiliado nas investigações de amostras suspeitas de contaminação por metanol.
O CRAQC é pioneiro na certificação da qualidade da cachaça em Minas Gerais e já recebeu R$ 3,7 milhões em recursos do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A inauguração do centro, que marca a reestruturação do laboratório de análise de cachaça, aconteceu em maio de 2024.
O Centro fornece laudos para produtores e auxilia na regularização de novos rótulos, oferecendo, gratuitamente, materiais sobre boas práticas de produção que evitam a contaminação pelo metanol.
“A cachaça é um dos mais tradicionais produtos mineiros, com qualidade reconhecida mundialmente. Apoiar o setor produtivo é também estar atento a melhorias que podem ser adotadas nos processos de produção para que essa qualidade e a segurança sejam mantidas e o produto se torne cada vez melhor”, destaca o secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Bruno Araújo.
No CRAQC, os níveis de metanol são avaliados por Cromatografia em Fase Gasosa com Detector de Ionização de Chamas (GC/FID), processo realizado a partir da aplicação de instrumentos de análises precisos adquiridos com recursos do Governo de Minas. Os investimentos foram executados na reestruturação do Centro.
De acordo com a coordenadora do CRAQC, a professora dra. Maria das Graças Cardoso, o metanol é um tipo de álcool que pode ser identificado em quantidades muito pequenas e evitáveis em bebidas alcoólicas destiladas quando o processo de fabricação é mal conduzido. E segundo ela, a contaminação da cachaça por metanol pode ocorrer de duas formas.
A primeira se dá quando o caldo da cana – matéria-prima da cachaça – é mal filtrado, assim pequenos pedaços de bagaço (bagacilhos) residuais sofrem fermentação e, nesse processo, produzem metanol. Para evitar isso, o CRAQC orienta os produtores a filtrarem a mistura além de submetê-la a outros tratamentos térmicos.
“No final o caldo está totalmente limpo de bagacilhos e pode seguir para a fermentação com a segurança que não apresentará metanol na composição”, explica a professora Graça, que também atua como pesquisadora do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (Ufla).
Outra forma de contaminação por metanol que pode ocorrer durante a produção da cachaça está na má condução do processo de separação da chamada “fração de cabeça” – a primeira entre as sucessivas destilações que separam o metanol da mistura.
A pesquisadora explica que a legislação reguladora brasileira permite uma concentração pequena de metanol na cachaça, de até cerca de 20 miligramas para cada 100ml de álcool anidro (etanol puro). Para isso, o metanol é retirado logo na primeira fase de destilação, segundo Graça, a orientação é a separação de cerca de 1% a 10% do volume total a ser destilado, a depender do teor alcoólico da bebida.
O CRAQC também promove consultoria gratuita para ajudar produtores a adequarem seus produtos aos parâmetros de qualidade. O Centro ainda promove pesquisas para melhorar o processo produtivo, desenvolver novos produtos e reduzir a informalidade no setor.
A Rainha da Cana, empresa de Alto Rio Doce, na Zona da Mata, conseguiu a certificação do seu produto por meio da parceria com o laboratório da Ufla. “Além de aprender a trabalhar com a cachaça, aprimoramos nossos conhecimentos e, agora, produzimos uma cachaça de melhor qualidade, o que resultou em melhores vendas e a entrada em novos mercados”, conta o sócio proprietário da empresa, Epitácio Oliveira Cardoso.
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