Segundo o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), estima-se que a cada ano 475 milhões de animais selvagens sejam atropelados nas estradas brasileiras. São cerca de 15 animais mortos por segundo. Assim entra em cena o aplicativo “Sistema Urubu”, desenvolvido na Universidade Federal de Lavras (Ufla), que permite que usuários de todo Brasil registrem estes atropelamentos contribuindo com o monitoramento destes números. O registro e unificação desses dados pode futuramente basear ações e políticas públicas de redução destes acidentes e consequentemente a conservação dessas espécie.
Para o coordenador do projeto, Alex Bager, do Departamento de Ecologia e Conservação da Ufla, seria impossível ter equipes ou pessoas coletando os dados espalhadas pelo Brasil inteiro. “O sistema é inovador porque se utiliza da famosa ciência cidadã para se obter informações em todo território brasileiro”, explica. “Ele trouxe a possibilidade de agregar uma grande quantidade de bases de dados e informação em um único lugar".
O Sistema Urubu funciona como uma rede social de conservação da fauna brasileira. Ao instalar o aplicativo em seu celular, qualquer pessoa que testemunhar o atropelamento ou a presença de animais silvestres nas proximidades de uma estrada pode contribuir com o seu registro. Ao enviar as fotos para o sistema, a qualidade das imagens e casos de duplicidade são avaliados.
As imagens são enviadas para três “validadores”. Estes usuários voluntários são responsáveis por identificar as espécies fotografadas. Para ser um validador, é necessário ter conhecimento científico em uma das quatro classes de vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Pesquisadores e estudantes de graduação ou pós-graduação podem se voluntariar, basta que sua inscrição seja aprovada pela equipe do Sistema Urubu.
O projeto recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) por meio da Chamada Universal 01/2017. O aplicativo, que está disponível na App Store e também na Google Play, foi desenvolvido na Ufla e, a partir de 2020, passou a ser desenvolvido pela startup Enviroment Inteligência de Negócios e Tecnologia fundada por Bager e incubada na Ufla.
A versão atualizada é mais interativa, mas o conceito é o mesmo. Agora é possível, por exemplo, enviar até quatro fotos para avaliação, contra apenas uma da antiga versão. Além disso, é possível também registrar o atropelamento de animais domésticos. O aplicativo ainda foi “gamificado”, ou seja, ganhou características de um jogo de vídeo game. Quando um usuário tem sua primeira foto aprovada, ele recebe o status de Baby Bu e, a medida que vai alcançando os demais objetivos do jogo, pode alcançar status maiores até tornar-se o Urubu Rei.
Dia Nacional de Urubuzar
Nos dias 12 e 13 de novembro, o projeto coordenará uma ação nacional de sensibilização sobre o impacto das vias e rodovias sobre a conservação da vida silvestre. Nestas datas acontecerão eventos realizados por times em todo Brasil coordenados pela equipe do Sistema Urubu. Só no ano passado, foram formados 57 times, em 16 estados e 42 cidades diferentes.
Cada grupo fica livre para definir como será feita a sua ação bem como definir o público que se pretende conscientizar. Para isso, recebem uma capacitação para compreender o impacto da sua ação e a melhor maneira de divulgá-la. “Nós trabalhamos gerando uma rede de discussão para que cada um possa compartilhar essas experiências e que possa ser levado a diferentes lugares do Brasil”, explica Alex.
Ao se cadastrar, uma pessoa pode inscrever seu time ou associar-se a um da sua região recebendo da equipe do Sistema Urubu materiais de divulgação como folders, banners e adesivos. Segundo Alex, o objetivo neste ano é formar no mínimo 70 times espalhados em todo Brasil.
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