Em 2023, as chamadas públicas lançadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) para financiamento de projetos de ciência, tecnologia e inovação trazem uma novidade. Elas passaram a trazer, como componente das diretrizes gerais, a ampliação do período de avaliação da produção científica e tecnológica para pesquisadoras que se tornaram mães. Ou seja, para as pesquisadoras que registraram na Plataforma Lattes licença maternidade nos últimos cinco anos, a avaliação da produção científica será feita com base em um período de tempo maior.
Segundo o presidente da FAPEMIG, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, a inclusão desse item busca tornar a avaliação mais justa, considerando que, durante o período de licença maternidade, a produção acadêmica das pesquisadoras tende a cair. “A FAPEMIG não quer que a maternidade seja um dificultador na carreira das mulheres e meninas”, explica.
Simone Bomtempo Rodrigues, gerente de Ciência e Tecnologia da FAPEMIG, completa: “A produção científica nos últimos cinco anos é um critério de avaliação adotado pela FAPEMIG. Com essa mudança, quem foi gestante nos últimos cinco anos, terá acrescido a sua produção científica mais um ano. A expectativa é incentivar as mulheres na pesquisa científica, tecnológica e de inovação”.
Licença maternidade no Lattes
Desde abril de 2021, a Plataforma Lattes disponibiliza seção em que cientistas que foram mães podem incluir o período de licença maternidade. Como registrava à época, a possibilidade de sinalizar o período da licença permite às universidades, agências de fomento e recrutadores compreender o porquê da queda em sua produção. Desta forma, evita-se possíveis desvantagens em processos de seleção e contratação, por exemplo. Leia mais aqui.
Dia das mulheres e meninas na ciência
O anúncio da novidade coincide com as celebrações pelo Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11/2. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para destacar a luta pelo acesso pleno e equilibrado, pela igualdade de gênero e pelo empoderamento. Segundo dados da organização intergovernamental, no mundo, apenas 33% dos pesquisadores são mulheres. A participação é ainda menores nas Matemáticas, Engenharias e Tecnologia (ou STEM, sigla que vem do inglês Science, Technology, Engineering and Mathematics): apenas 28% dos graduados em engenharias e somente 22% dos profissionais que trabalham em inteligência artificial são mulheres. Os dados indicam que elas recebem menos financiamento para a pesquisa e têm menos probabilidade de serem promovidas.
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) preparou programação especial para a data. No dia 13/11, será realizada uma série de palestras sobre o tema, com transmissão pelo canal YouTube da ABC. Não é necessária inscrição prévia!